A propaganda eleitoral do PT,nesta terça-feira, já deveria ter abolido qualquer menção à candidatura do ex-presidente Lula, que teve o registro negado na sexta-feira à noite. Lula até poderia aparecer em parte do tempo como cabo eleitoral, mas não como candidato. O partido, no entanto, resolveu esticar a corda. O ex-presidente apareceu como candidato no rádio e em menções dúbias na TV, Fernando Haddad continuou se apresentando como “vice” (de quem?) e o foco da coligação O Povo Feliz de Novo foi o ex-presidente preso em Curitiba.
Na segunda-feira, duas liminares haviam proibido o PT de incluir Lula como candidato nos programas de rádio e TV.
A multa estipulada foi de R$ 500 mil em caso de descumprimento. Parte do programa da terça-feira foi usado para falar da negativa do TSE em aceitar o registro de Lula e dos recursos ao Supremo Tribunal Federal e à ONU.
O PT já sabia que a recomendação da ONU não se sobrepõe à legislação brasileira, mas agarrou-se a ela como estratégia para manter Lula na vitrine. Qualquer estagiário de Direito sabe que depois dos 6 a 1 não há hipótese de a recomendação da ONU produzir algum efeito, mas o partido segue explorando-a em sua tentativa de vitimização de Lula, tentando ampliar o capital que ele tentará transferir para Haddad.
A estratégia é de alto risco, porque o PT flerta com o perigo e corre o risco de levar novas multas e de perder o espaço de rádio e TV por descumprimento de decisão judicial, mas seus dirigentes indicam que se trata de decisão consciente. O ex-presidente é o grande cabo eleitoral não só de Haddad, como dos candidatos a senador, deputado federal e estadual em diferentes regiões do país. Lula é onipresente no material de campanha dos candidatos a deputado no Rio Grande do Sul.
Pela decisão do TSE, o PT tem até o dia 11 para substituir o candidato, mas não será surpresa se o PT anunciar a troca no feriado de 7 de Setembro, um mês antes da eleição. Além da restrição na propaganda, as pesquisas registradas até sexta-feira passada ainda incluem cenários de primeiro e segundo turnos com o nome de Lula. Nas próximas, só vai aparecer o questionário com o nome de Haddad.