O candidato a vice na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Fernando Haddad (PT), foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP), na segunda-feira (3), por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Conforme a denúncia, o ex-prefeito de São Paulo teria recebido, de forma indevida, R$ 2,6 milhões da UTC Engenharia.
O promotor de Justiça Marcelo Mendroni, do Grupo de Atuação Especial de Repressão à Formação de Cartel e à Lavagem de Dinheiro e de Recuperação de Ativos (Gedec), aponta que o valor seria para pagamento de dívida contraída durante a campanha eleitoral de 2012. O dinheiro foi pago pelo doleiro Alberto Youssef em 2013 por meio de contratos firmados com três gráficas.
Foram denunciados, ainda, o ex-tesoureiro nacional do PT João Vaccari Neto, o doleiro Alberto Youssef, o ex-deputado estadual Francisco Carlos de Souza (vulgo Chicão, PT-SP), o presidente da empreiteira, Ricardo Pessoa, e o diretor financeiro da empresa Walmir Pinheiro Santana. Já as gráficas envolvidas são: LWC Editora Gráfica Ltda, Candido e Oliveira Gráfica Ltda e Francisco Carlos de Souza Eireli.
O magistrado sustenta que a quantia foi solicitada por Vaccari, que falava em nome de Haddad. Primeiramente, teria sido pedido pagamento de R$ 3 milhões, mas a empreiteira barganhou o valor da propina, que ficou em R$ 2,6 milhões. De acordo com o promotor, havia um esquema de captação e transferências de dinheiro para dissimular sua origem. Para isso, era feira a captação e distribuição de recursos ilícitos por meio de um esquema montado pela empreiteira. Por meio de contratos de prestação de serviços fictícios ou superfaturados, os valores retornavam à UTC Engenharia, para uma conta de Caixa 2 que a empresa tinha com Youssef.
De acordo com o processo, o doleiro, posteriormente, entregava parte do valor em dinheiro e outra parte utilizava pessoas físicas e jurídicas para receberem as cifras. Essas pessoas remetiam a outras PFs e PJs para os valores serem transferidos às gráficas indicadas por Chicão. A propina foi solicitada entre abril/maio de 2013. Os pagamentos foram feitos entre maio e junho de 2013. As dívidas foram contraídas em 2012.
Contraponto
Nesta terça-feira (4), o candidato rebateu as acusações por meio de nota:
"Surpreende que, no período eleitoral, uma narrativa do empresário Ricardo Pessoa, da UTC, sem qualquer prova, fundamente três ações propostas pelo Ministério Público de São Paulo, contra o ex-prefeito e candidato a vice-presidente da República, Fernando Haddad. É notório que o empresário já teve sua delação rejeitada em quase uma dezena de casos e que ele conta suas histórias de acordo com seus interesses. Também é de conhecimento público que, na condição de prefeito, Fernando Haddad contrariou no segundo mês de seu mandato o principal interesse da UTC de Ricardo Pessoa na cidade: a obra confessadamente superfaturada do túnel da avenida Roberto Marinho."