O discurso dos filhos de Jair Bolsonaro e de seus aliados, de que o atentado praticado contra ele garantiria sua eleição no primeiro turno, não encontrou respaldo na pesquisa do Datafolha, realizada ao longo da segunda-feira. Bolsonaro oscilou dentro da margem de erro, de dois pontos percentuais. Passou de 22% para 24%. Apesar da visibilidade que teve nos meios de comunicação desde quinta-feira, Bolsonaro cresceu menos do que Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT).
O Datafolha constatou um empate técnico quádruplo no segundo lugar, entre Ciro (13%), Marina Silva (11%), Geraldo Alckmin (10%) e Fernando Haddad (9%). Marina foi quem mais perdeu. Na pesquisa anterior ela tinha 16%. Haddad, que só deve ser confirmado como cabeça de chapa hoje, pulou de 4% para 9%. Ciro ganhou três pontos e foi de 10% para 13%.
A pesquisa reflete os efeitos da propaganda de rádio e TV. Marina sumiu da propaganda. Bolsonaro também, mas ganhou visibilidade nas emissoras de rádio e TV, nos jornais, revistas e redes sociais. Essa superexposição não foi suficiente para reverter seu alto índice de rejeição. O capitão segue em primeiro lugar, com 43%, quando a pergunta é “em qual ou quais destes candidatos vocês não votaria de jeito nenhum”. Rejeição alta significa teto baixo, ainda mais quando se compara com os índices dos adversários. Marina tem 29%, Alckmin, 24%, Haddad, 22% e Ciro, 20%. Combinados, esses números sugerem que há vários cenários possíveis na eleição de 7 de outubro e que nenhum dos candidatos tem lugar assegurado no segundo turno.
O elemento mais revelador das dificuldades de Bolsonaro são as simulações de segundo turno. Ele está numericamente abaixo dos quatro adversários que hoje disputam o segundo lugar, embora tecnicamente empatado com Haddad. Perderia para Ciro por 45% a 35%, Marina (43% a 37%) e Alckmin (43% a 34%). Em um final com Haddad, o petista teria 39% e o capitão, 38%. Pelo Datafolha, Ciro ganharia de qualquer um dos adversários no segundo turno.
Os resultados do Datafolha fazem crescer a expectativa pela divulgação da pesquisa Ibope que será conhecida nesta terça-feira. O campo do Ibope começou na quarta-feira, véspera do atentado, e se encerra hoje.
ALIÁS
Somados, os indecisos e os eleitores dispostos votar nulo ou em branco chegam a 22%. Se o Ibope confirmar o Datafolha, a tendência é de reacomodação dos eleitores que votam em quem tem mais chance de ganhar.