Parece que foi ontem, mas serão 17 anos na terça-feira (11).
O século 21 recém tinha sido inaugurado quando os terroristas do exército de Osama bin Laden produziram as imagens que ficarão para sempre na memória de quem as viu pela TV e ilustrarão os livros de História enquanto o planeta existir. Os atentados deixaram 2.996 mortos e uma ferida eterna no coração da nação mais poderosa do mundo.
Quem seria capaz de esquecer onde estava na manhã de 11 de setembro de 2001? Eu descia a Rua 24 de Outubro, a caminho da aula de inglês, quando liguei para a Marta Gleich perguntando se naquele dia teríamos o tradicional almoço dos editores de ZH. O diálogo ficou gravado em aço e fogo na minha memória.
– Só um pouquinho, que tem uma coisa estranha acontecendo. Tô vendo aqui na TV que um aviãozinho bateu numa das torres gêmeas – disse a Marta.
– Em Nova York?
– Meu Deus! Outro avião acaba de bater na torre. Um avião enorme. Preciso desligar.
Desci correndo até o Britannia, na Rua Doutor Timóteo. Naquela pré-história das redes sociais, ninguém sabia de nada ainda.
– Liga a TV, liga a TV, que estão atacando o World Trade Center – gritei feito uma desatinada.
Eu e a teacher Miriam Ferrari passamos uma hora assistindo à CNN sem acreditar no que víamos. Aquilo era o inferno mostrado sob diferentes ângulos. As duas torres ardiam em chamas cada vez maiores. O âncora dizia que a estrutura de vidro e aço ameaçava desabar.
Voltei correndo para continuar acompanhando a tragédia pela TV. Mal botei os pés em casa e desabou a primeira torre. Depois a segunda... e o mundo nunca mais foi o mesmo.
Um ano antes, havia subido ao topo do World Trade Center. Era viagem de trabalho e na programação constava um jantar no mítico Windows on the World, o restaurante giratório que oferecia, além da comida excepcional, uma visão incrível de Manhattan. O pretensioso título de Janelas do Mundo fazia todo o sentido. Nosso grupo dançou no topo da torre norte, uma boate cujo nome apagou-se para sempre da minha memória. No dia dos atentados, não conseguia parar de pensar "eu estive lá, eu estive lá".
Também estive na área dos escombros do falecido World Trade Center em 2007, durante a construção do complexo que hoje é um dos pontos turísticos mais visitados de Nova York. Voltei agora, nas férias de julho, para conhecer o Memorial do 11 de Setembro. Subi em 47 segundos os 102 andares do One World Trade Center, edifício principal do conjunto de prédios que ocupam a área devastada há 17 anos. Do observatório tem-se a vista de 360 graus que justifica a longa fila, a revista minuciosa e os US$ 46 do ingresso.
O observatório no topo do prédio mais alto dos Estados Unidos (541,3 metros) recebe milhares de turistas todos os dias, é impressionante sob todos os pontos de vista, mas emoção mesmo se tem lá no chão, ao visitar o memorial que conta a história da infâmia.
O museu reúne fotos, vídeos, pedaços de aço retorcidos pelo fogo, que formam esculturas macabras, equipamentos usados pelos bombeiros e objetos das vítimas. A biografia de cada um dos mortos está acessível a dois ou três toques em telas digitais. Pode-se buscar pelo nome, pelo país ou pela cidade de origem para encontrar todas as informações disponíveis sobre as vítimas, incluindo fotos fornecidas pelas famílias.
A entrada é um colosso da arquitetura moderna. Projetado pelo espanhol Santiago Calatrava, o "Oculus" – imenso saguão branco do World Trade Center Transportation Hub – é um convite à reflexão sobre a paz. As formas da estação podem ser resumidas na imagem de um pássaro.