A pesquisa do Ibope traz um recado para os candidatos a presidente que disputam o voto dos eleitores do Rio Grande do Sul: não está fácil conquistar a confiança dos gaúchos. No cenário que é o mais provável, o de uma eleição sem o ex-presidente Lula, os indecisos e os que estão dispostos a votar nulo ou em branco chegam a 36%.
Sem Lula, Jair Bolsonaro assume a ponta, com 23% das intenções de voto. Com Lula, que tem 32%, Bolsonaro baixa para 20%, o que não deixa de ser curioso, já que um é a antítese do outro. Fernando Haddad, o escolhido pelo PT para substituir Lula no caso de a Justiça Eleitoral negar-lhe o registro da candidatura, ainda é um ilustre desconhecido para os eleitores abaixo do Rio Mampituba. Tem apenas 4%, o que o coloca na quinta posição no Estado.
Quem mais ganha com a saída de Lula, no momento, é Marina Silva. Com ele candidato, Marina só tem 6%, mesmo índice de Ciro Gomes e um ponto a mais do que Geraldo Alckmin. Sem Lula, Marina pula para 13%. Ciro vai de 6% para 9% e Alckmin chega a 7%. Henrique Meirelles não passa de 1%.
A sondagem indica que os vices gaúchos de Alckmin (Ana Amélia Lemos) , Haddad (Manuela D’Ávila) e Meirelles (Germano Rigotto) terão muito o que fazer em seu território antes de pedir votos em outros Estados. O próprio Bolsonaro, que também tem vice gaúcho, o general Hamilton Mourão, e militantes tão ou mais barulhentos que os do PT nas redes sociais, não tem no Rio Grande do Sul um desempenho confortável. O Ibope não mediu a rejeição, mas, no Brasil, ele e Lula são os mais rejeitados, fator que limita o teto de crescimento.
No levantamento do Ibope também está a explicação para o fato de ninguém querer ser o candidato de Michel Temer. Na avaliação do governo, a soma de ruim e péssimo é de 75% contra 3% de bom e ótimo. A desaprovação chega a 88%.
Tecnicamente, o candidato do governo é Meirelles, que não cita Temer nem quando exalta seus feitos no Ministério da Fazenda, mas repete que foi chamado para o Banco Central por Lula. O presidente, porém, cita Alckmin como o candidato do Planalto, por ter em sua aliança quase todos os partidos que hoje estão no governo.
Aliás: Apesar da crise do Estado e do país, 66% dos eleitores entrevistados pelo Ibope disseram que estão satisfeitos ou muito satisfeitos com a vida que levam hoje. Os insatisfeitos somam 33%.