Os dados mais reveladores da pesquisa do Ibope, encomendada pelo Grupo RBS, a primeira realizada após a definição dos candidatos ao Piratini, são os que mostram o espaço vazio a ser conquistado.
O número de indecisos, somado ao dos que pretendem votar nulo ou em branco chega a 50% quando se apresenta um cartão com o nome dos candidatos. Quando o entrevistado apenas pergunta em quem o eleitor pretende votar para governador, esse índice de "não votos" é alarmante: 83%.
A pesquisa traz duas notícias boas e três péssimas para o governador José Ivo Sartori (MDB). Ele é o líder na espontânea, com 7%, e na estimulada, com 19%. Nos dois casos, tem mais que o dobro do segundo colocado. Antes que o MDB comece a soltar foguetes, convém prestar atenção a três dados que indicam dificuldades para o crescimento de Sartori com o andamento da campanha:
1. Ele é o campeão de rejeição, com 44%. O segundo em quem os eleitores não votariam de jeito nenhum é Miguel Rossetto (PT), com 12%. Jairo Jorge (PDT) e Eduardo Leite (PSDB), que estão empatados tecnicamente com Rossetto no segundo lugar em intenções de voto, têm 8% e 7% respectivamente;
2. Na avaliação do governo, a soma de ruim e péssimo é de 53%, contra 14% de bom e ótimo;
3. O índice de aprovação é de 24% e o de desaprovação chega a 68%.
No segundo lugar verifica-se um empate técnico triplo entre Eduardo Leite (8%), Miguel Rossetto (8%) e Jairo Jorge (6%). Eterno candidato do PSTU, Júlio Flores tem 4%. Mateus Bandeira (Novo) e Roberto Robaina (PSOL) estão empatados com 2%. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
A pesquisa não capta os primeiros debates nem o início da campanha eleitoral. Os números devem ser vistos como o retrato de um momento em que o eleitor ainda não conhece os candidatos. Nesta fase, saem favorecidos na intenção de voto os mais conhecidos.
O baixo índice de rejeição dos novatos não deve ser interpretado apenas como sinal de que têm um teto elevado para crescer. Pode ser, também, sinal de desconhecimento. Assim como não vota em quem não conhece, o eleitor também não rejeita aquele de quem nunca ouviu falar.
Outro indicador de que o eleitor está confuso é a resposta à pergunta sobre a expectativa de vitória: 52% não sabem ou preferem não opinar. Nessa questão, 23% apostaram na reeleição de Sartori, 7% em Rossetto e 6% em Eduardo Leite e Jairo Jorge.
O cenário ficará mais claro com os debates, a campanha na rua e a propaganda eleitoral no rádio e na TV, que começa em 31 de agosto.
Curiosidades
-Os melhores índices de José Ivo Sartori (23%) são obtidos entre os eleitores do sexo masculino, nas faixas com instrução superior, renda de dois a cinco salários mínimos e evangélicos.
-Entre as mulheres, o índice de Sartori cai para 15%. Por faixa de renda, o pior desempenho do governador fica na faixa inferior a dois salários mínimos (16%).
-Eduardo Leite chega a 15% entre os eleitores de 25 a 34 anos.
-Miguel Rossetto (PT) tem seu melhor desempenho na faixa acima de 55 anos, com renda acima de cinco salários mínimos.
-A pesquisa para o Senado indica que os eleitores ainda não identificam em Luis Carlos Heinze (PP) o sucessor da senadora Ana Amélia Lemos. Heinze ficou em quarto lugar, com 7%, tecnicamente empatado com Ana Varela (Podemos) e Carmen Flores (PSL), as duas com 6%. Sandra Weber (Solidariedade) tem 4%.
-O empate entre Paulo Paim (PT)e José Fogaça (MDB) com 27% mostra a vantagem do mandato. Paim concorre à reeleição. Ex-senador, Fogaça ocupou cadeira na Câmara de 2015 até março.
-Sem mandato, Beto Albuquerque ficou em terceiro, com 15% das intenções de voto.