No primeiro debate, na Bandeirantes, Marina Silva passou em branco. Até o terceiro bloco na Rede TV, parecia que a sina da invisibilidade iria se repetir. Eis que Jair Bolsonaro escolheu a candidata da Rede para dirigir uma pergunta. E, já que ninguém o tinha questionado sobre desarmamento, perguntou se ela era a favor de armar a população.
— Nāo — respondeu, sem dizer por que.
E passou uma carraspana em Bolsonaro por ter dito, numa resposta a Henrique Meirelles, que não há nada que o presidente possa fazer para que as empresas respeitem a regra de pagar salários iguais a homens e mulheres que fazem trabalho semelhante. Marina disse que presidente tem sim de se preocupar com as injustiças e com o fato de as mulheres serem discriminadas no mundo do trabalho.
Visivelmente irritado, o candidato do PSL tentou dar o troco, cobrando de Marina por dizer que vai propor um plebiscito para tratar da descriminalização do aborto e do consumo de drogas. Ela tentou interrompê-lo, mas se conteve. Quando retomou a palavra criticou Bolsonaro por fazer brincadeira com crianças, mostrando como se empunha uma arma. Disse que não é isso que Deus ensina. E que o Estado é laico.
Bolsonaro já havia se atrapalhado com uma pergunta do jornalista Reinaldo Azevedo sobre economia, na qual revelou desconhecimento e falta de repertório. A resposta que deu nāo fazia nenhum sentido, como outras envolvendo temas econômicos, recitando uma receita ditada por seus conselheiros, que aplicam a fórmula redução do tamanho do Estado e desburocratização como solução para todos os males. Quando a pergunta foi sobre aumento das vagas nas escolas infantis, repetiu a ladainha de “combater a ideologia de gênero” (como se as pessoas escolhessem ser gays) e colocar militares para dirigir escolas e , assim, retomar a disciplina.
O debate mostrou que Geraldo Alckmin melhorou um pouco, mas ainda está longe de Ciro Gomes em matéria de comunicação. Os dois escolheram questionar um ao outro. Ciro, de novo, estava à vontade, usando linguagem popular, que os adversários chamam de populista.
Alvaro Dias transformou a Lava-Jato em solução mágica para tudo. Como vai gerar empregos? Reforçando a Lava-Jato. Meirelles fez coisa parecida. Não importava a pergunta, a resposta era sobre os empregos que criou como presidente do Banco Central no governo Lula e ministro da Fazenda de Temer.