No papel e nos discursos, educação é prioridade para todos os candidatos. No momento de explicitar as propostas, a maioria vai da miséria à indigência, como se educação não fosse a base para uma sociedade mais desenvolvida e menos violenta. Nos debates, são raras as perguntas sobre o tema. Quando alguém faz a pergunta, ouve respostas genéricas ou a repetição de clichês como “é preciso valorizar o professor” (sem dizer como) ou, ainda, promessas estapafúrdias.
A ONG Todos pela Educação resolveu aprofundar o tema fazendo entrevistas individuais e focadas com os candidatos a presidente. Convidou os seis primeiros colocados nas pesquisas.
Como o ex-presidente Lula está preso, o PT mandou o vice, Fernando Haddad, ex-ministro da Educação. Haddad criticou a reforma do Ensino Médio e defendeu um pacto com os Estados para qualificar a educação, o investimento em formação de professores e a melhoria dos salários.
Ciro Gomes, que se orgulha dos bons resultados obtidos no Ceará nos testes de avaliação, prometeu implantar mecanismos de premiação para os professores e ampliar as escolas de tempo integral.
Geraldo Alckmin propôs a criação de uma bolsa-estímulo para jovens, ampliação do ensino profissionalizante e a instituição de um bônus para professores de escolas que conseguirem melhorar os resultados.
Marina Silva disse que, se eleita, vai fortalecer o tripé pesquisa-extensão-formação de professores e incentivar planos municipais de atenção à primeira infância.
Alvaro Dias não conseguiu encaixar o compromisso na agenda e Jair Bolsonaro recusou o convite.
Na RedeTV, Bolsonaro foi questionado sobre educação infantil. Respondeu que a solução é criar mais colégios militares e entregar a direção das escolas a militares do Exército, impor disciplina e “acabar com a ideologia de gênero”. O candidato propaga a tese estapafúrdia de que as escolas estariam estimulando as crianças a “escolher se querem ser meninos ou meninas”. Ontem, escreveu no Twitter: “Não há nada de errado em ensinar valores e disciplina aos nossos filhos, pelo contrário, é fundamental e edificante. A bronca de parte da imprensa agora é que não vesti meus filhos de menina, nem incentivei o ensino de sexo para crianças”.
Aliás
Acredite. Depois de se gabar de ter ensinado os filhos a atirarem aos cinco anos de idade, e ser lembrado de que isso é proibido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Bolsonaro disse que o ECA tem de ser “rasgado e jogado na latrina”.