A mais recente rodada do Instituto Datafolha confirma a distância que o brasileiro guarda da sucessão presidencial a quatro meses do pleito. O alto número de indecisos indica que a eleição só entrará na agenda depois da Copa do Mundo. A campanha começa em 15 de agosto. O desencanto dos eleitores fica mais evidente na pesquisa espontânea, em que não são apresentados nomes dos possíveis candidatos: 46% não têm candidato e 23% dizem que pretendem votar nulo ou em branco.
Com 19 pré-candidatos lançados, o líder absoluto na pesquisa é o ex-presidente Lula (PT), que dificilmente aparecerá na urna eletrônica, porque cumpre pena por condenação em segunda instância e está impedido de concorrer pela Lei da Ficha Limpa. O segundo é Jair Bolsonaro (PSL), que assume a liderança quando Lula é excluído, mas com números que sugerem estar próximo do teto.
A indignação de Bolsonaro com os resultados do Datafolha é típica de quem esperava números mais vistosos. Bolsonaro se irritou com o Datafolha porque, com Lula ou sem Lula, seus índices na pesquisa estimulada (em que se apresenta um cartão com o nome dos candidatos) ficam entre 17% e 19%, pouco acima das menções espontâneas, em que lidera com 12%. A proximidade entre os índices da espontânea e da estimulada sugere que o deputado do PSL tem um eleitorado fiel, mas seu teto é baixo, até porque tem 32% de rejeição.
Lula, que lidera com 30% (e supera todos os possíveis adversários no segundo turno), tem 36% de rejeição e caiu de 18% em setembro para 10% agora na espontânea, quando o entrevistador pergunta em quem a pessoa pretende votar, sem apresentar um cartão com o nome dos pré-candidatos.
Para não se expor, Bolsonaro tem fugido das entrevistas e sabatinas feitas por diferentes veículos de comunicação, em uma estratégia clara de apostar nas redes sociais, onde pode falar sozinho. Como assim só prega para convertidos, reduz a possibilidade de conquistar novos eleitores.
A insistência do PT na candidatura de Lula se explica pela falta de outro nome no partido capaz de conquistar os eleitores do ex-presidente. Sem Lula na disputa, quem sobe são os indecisos e os eleitores dispostos a votar nulo ou em branco. Por isso, o PT só deve substituí-lo ou indicar apoio a Ciro Gomes (PDT) aos 45 minutos do segundo tempo.
Pelo Datafolha, somente seis candidatos têm mais de 2%. Além de Lula, Bolsonaro, Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSDB), Ciro Gomes (PDT) e Alvaro Dias (Podemos). Manuela D’Ávila (PC do B) e Rodrigo Maia (DEM) oscilam entre 1% e 2%. Os outros 11 ficam entre 0 e 1%.