Para mostrar força política na negociação do acordo de recuperação fiscal, o governador José Ivo Sartori e o vice, José Paulo Cairoli, foram para a reunião com o presidente Michel Temer cercados pelos principais líderes do PMDB. A afinidade partidária é a carta que o governador tem na manga para compensar dificuldades práticas, como o cumprimento das contrapartidas exigidas para assinar o acordo que garantirá a suspensão do pagamento da dívida por três anos, prorrogáveis por mais três. O Piratini ainda não conseguiu aprovar as propostas que retiram da Constituição a exigência de plebiscito para privatizar a Sulgás, a CEEE e a CRM.
Ao lado do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e da secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, considerada “linha dura” na equipe econômica, Temer determinou a continuidade das negociações. Mais: mandou que seja encontrada uma saída jurídica para o impasse em torno da fórmula de cálculo do comprometimento da receita com despesas de pessoal.
– O Brasil precisa do Rio Grande forte – disse Temer.
Pelo critério do Tribunal de Contas do Estado, o Rio Grande do Sul fica abaixo do limite de 70% previsto para aderir ao regime de recuperação fiscal. Na prática, se somadas todas as despesas que se referem a servidores, passa de 72%.
Sartori e a comitiva saíram do encontro confiantes de que nos próximos dias será assinado um pré-acordo e que esse ato será suficiente para que o ministro Marco Aurélio Mello mantenha até a conclusão das negociações a liminar que suspendeu, no ano passado, o pagamento da dívida.
Sartori foi a Brasília acompanhado de cinco secretários (Giovani Feltes, Cézar Schirmer, Cleber Benvegnú, Carlos Búrigo e Euzébio Ruschel), do adjunto da Fazenda, Luiz Antônio Bins, do ex-governador Germano Rigotto e do ex-ministro Luis Roberto Ponte, chefe da Casa Civil no governo de José Sarney. Da reunião com Temer participaram também os quatro ministros nascidos no Estado (Eliseu Padilha, Osmar Terra, Sérgio Etchegoyen e Carlos Marun), e os deputados federais Darcísio Perondi, Alceu Moreira, José Fogaça, Mauro Pereira e Jones Martins.
O encontro com Temer teve um toque cômico: Sartori e a comitiva já estavam no Palácio do Planalto quando foram informados de que o encontro seria no Jaburu. O grupo seguiu para a residência de Temer e lá receceu o aviso de que a audiência seria no Alvorada.