Até o início de abril, o secretário da Educação, Ronald Krummenauer, pretende ouvir, com sua equipe, as demandas de todos os 2.547 diretores de escolas estaduais. Nos últimos dois dias, em Ijuí e Santa Rosa, o secretário se reuniu com 250 diretores de oito coordenadorias regionais para saber não apenas do que as escolas precisam, mas como os gestores pensam que deve ser o ensino para o futuro, com a mudança nas profissões e no mercado de trabalho. Essa primeira experiência deixou o secretário impactado:
– A melhor parte foi a aproximação, a oportunidade de uma conversa direta. O mais triste foi ouvir de diretores que em 20, 25 anos de profissão, era a primeira vez que tinham a oportunidade de tratar dos problemas diretamente com o secretário.
Ressalvando que não se trata de crítica aos antecessores, Krummenauer diz que a estrutura burocrática da Secretaria da Educação, com suas coordenadorias e departamentos, acaba criando uma barreira. A reclamação mais ouvida foi de problemas na rede elétrica das escolas.
A conversa com os diretores reforça a convicção do secretário de que o Rio Grande do Sul não necessita construir mais escolas. O número supera a necessidade, mas é preciso melhorar a estrutura existente e qualificar os equipamentos. Adepto da racionalização para enfrentar a escassez de recursos, Krummenauer considera inevitável, no curto prazo, um grande acordo entre Estado e municípios, para que os dois entes não concorram entre si. A transferência para escolas municipais e para a rede privada, como consequência das greves, é, com a redução da natalidade, a explicação para a diminuição das matrículas na rede estadual:
– Ninguém tem prazer em fechar uma escola. Se estamos remanejando alunos e fechando prédios é porque não tem sentido manter a rede do tamanho que era com 30% menos estudantes.
Por ter dito em entrevista a ZH que se arrepende de não ter fechado mais escolas, Krummenauer tem sido alvo de ataques nas redes sociais. O secretário se defende dizendo que a baixa procura por matrículas justificaria um enxugamento maior de estruturas.
O titular da Seduc diz que em Porto Alegre não há previsão de fechamento de novos colégios neste ano. A Escola Estadual Maria Thereza da Silveira, no bairro Bela Vista, que esteve ameaçada de extinção, será preservada, mas com boa parte do espaço físico ocioso. Desde o ano passado, a Seduc não autoriza a criação de novas turmas de primeiro ano. Situada em um terreno do Instituto de Previdência do Estado (IPE), cobiçado por construtoras, a escola só tem turmas do terceiro ao nono ano.
A diretora Maria Emília Provenzano gostaria que o secretário visitasse o local:
– Tenho certeza de que se ele conhecesse a nossa estrutura, autorizaria a criação de turmas de primeiro ano.
Se não entram novos alunos nas séries iniciais, a escola acaba morrendo à míngua.