![Carlos Macedo / Agencia RBS Carlos Macedo / Agencia RBS](http://www.rbsdirect.com.br/imagesrc/23678223.jpg?w=700)
Está completando 45 dias uma greve de professores e funcionários de escola que ninguém sabe qual é o tamanho exato nem consegue medir as consequências, porque o governo e o Cpers usam parâmetros diferentes para calcular a adesão. A pais e alunos, não interessa se a verdade está com o sindicato, que fala em 75% dos professores em greve, ou com o governo que fala em 35% das escolas paradas total ou parcialmente, embora seja difícil aceitar a versão de que não há como saber os números reais. À sociedade interessa discutir as consequências desse embate em que o aluno é marisco entre o mar e o rochedo.
Desde o dia 13 de outubro, nenhum servidor estadual está com o salário atrasado. O Cpers justifica a manutenção da greve com o argumento de que o governo não garantiu o pagamento em dia neste mês, nem informou como e quando vai pagar o 13º salário de 2017. Pelos cálculos da Secretaria da Fazenda, o cenário para o final de outubro é parecido com o de setembro, quando somente quem ganha até R$ 1.750 líquidos recebeu no último dia do mês.
Como a colocação dos salários em dia e o pagamento do 13º dependem principalmente da venda de ações do Banrisul, operação que deve se consumar lá pelo início de dezembro, é real o risco de a greve se estender e os alunos perderem o ano letivo. Mesmo que voltem ao trabalho (de mãos abanando, como já ocorreu em outras greves), qual será o ânimo desses professores para recuperar as aulas perdidas e tentar salvar o ano de milhares de alunos?
A solução proposta pelo governo do Estado para remediar a situação – a transferência para outra escola – está longe de tranquilizar os pais e alunos, sobretudo os que estão concluindo o Ensino Médio e correm o risco de não poder se matricular numa faculdade, se passarem no vestibular. Os que vão fazer o Enem daqui a 15 dias já tiveram prejuízos irremediáveis.
Além de não saber em que escola poderão encontrar vagas, existe a dificuldade natural de uma transferência próxima do fim do ano, sem contar a impossibilidade de recuperar os conteúdos perdidos nestes dias de greve. Não dá para tapar o sol com a peneira.