O post com o título “DOMINGO DE CARINHO”, publicado no final da tarde de domingo pelo presidente Michel Temer em seu perfil no Twitter, contrasta com a tensão expressa nos movimentos de seus aliados e nas trapalhadas de seu advogado de defesa, Eduardo Carnelós, que provocou um incidente com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). No Twitter, Temer publicou foto acariciando a cabeça de um golden retriever e a frase “A jornada é difícil, mas sempre há tempo para o Thor”.
Ao longo do fim de semana, homens próximos do presidente atacaram o que foi chamado de “vazamento seletivo” dos vídeos do depoimento do doleiro Lucio Funaro, que entregou a cúpula do PMDB, incluindo o presidente, em sua delação premiada. Sustentaram que o “vazamento” era uma tentativa de criar clima desfavorável a Temer na Câmara.
O advogado de Temer qualificou como “criminoso vazamento” e “abjeto golpe” a divulgação dos vídeos. Como o material não está sob segredo de Justiça e foi obtido pela Folha de S.Paulo no site da Câmara, a manifestação irritou Rodrigo Maia, peça fundamental na condução da segunda denúncia contra o presidente. Na quarta-feira, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) vai avaliar o parecer do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), favorável ao arquivamento.
Diante da reação indignada de Maia e da ameaça de processo por funcionários da Câmara, o advogado foi obrigado a recuar e passou um atestado de ignorância. Chamado de incompetente por Maia, Canelós escreveu: “Quando divulguei nota ontem, referindo-me a vazamento que qualifiquei como criminoso, eu desconhecia que os vídeos com os depoimentos de Funaro estavam disponíveis na página da Câmara”.
Em um dos trechos da delação, Funaro diz que Eduardo Cunha lhe pediu R$ 1 milhão para comprar votos favoráveis ao impeachment de Dilma Rousseff, em 2016. Em sua delação, Joesley Batista havia dito que o deputado João Carlos Bacelar (PR-BA) pediu R$ 150 milhões para comprar 30 votos contra o impeachment.
ALIÁS
O movimento para reverter a decisão do Supremo Tribunal Federal que permitiu a prisão de condenados em segunda instância ganhou aval do Palácio do Planalto, por meio da Advocacia-Geral da União. É mais um passo para enfraquecer a Lava-Jato.