Depois de o governador José Ivo Sartori criticar o funcionamento da Assembleia e dizer que deve-se retomar a votação das propostas do Executivo que tramitam por lá, o presidente da Casa, Edegar Pretto (PT), disse nesta quarta-feira (27) que o governo do Estado não deve jogar para o Legislativo suas responsabilidades. Na ocasião, Sartori disse ainda que "não é hora de pensar em eleição".
Após um encontro com representantes de associações de procuradores, defensores públicos, oficiais da Brigada Militar e auditores-fiscais ligados à Receita Estadual, o deputado manifestou-se em relação aos projetos do Executivo empacados na Casa:
— O governo disse nessa semana que espera que a Assembleia faça sua parte. Ora, amigos, temos aqui projetos do pacote do governador Sartori do ano passado que não foram votados porque não conseguiu nem articular na sua base os votos necessários para votar matérias como essa. Então, quem tem de fazer o primeiro trabalho é governo do Estado aqui na Assembleia. Não joguem para o poder Legislativo o que é de responsabilidade do governo do Estado — disse Pretto em um vídeo divulgado na internet.
Os representantes de diversas associações de servidores foram até a Assembleia para apontar alternativas ao governo gaúcho para incrementar a arrecadação. Na ocasião, propuseram um "trabalho colaborativo para enfrentar a crise financeira do RS sem que haja desmonte do Estado com o Plano de Recuperação Fiscal imposto pelo governo federal".
Conforme reportagem publicada nesta quarta-feira em Zero Hora, desde o início do ano, somaram apenas 19 os dias em que os deputados votaram algum projeto em plenário. No total, foram 92 proposições – número quase três vezes menor do que o registrado em 2016, quando 267 matérias passaram pelo crivo dos parlamentares. Em média, foi votado apenas um projeto por sessão este ano. Em 2013, ano pré-eleitoral como 2017, a média foi de três matérias por sessão.
No maior período de paralisia legislativa em 2017, a Assembleia ficou 50 dias – de 31 de janeiro a 21 de março – sem apreciar um único projeto. Somente em 13 de junho seria votado o primeiro dos 11 textos até então remanescentes do pacote de corte de gastos apresentado em 2016 e considerado prioritário pelo governador José Ivo Sartori.
Em diversas sessões, os deputados da base de Sartori não estavam em plenário para a discussão de projetos que integravam a ordem do dia.