Um a um, os potenciais candidatos à Presidência da República em 2018 estão sendo soterrados pela lama que escoa da Operação Lava-Jato – e isso que a delação do fim do mundo, a da cúpula da Odebrecht, recém começou a vazar. O último a ser atingido pela avalanche é o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, até então o tucano que remanescia como principal opção do PSDB. Alckmin, segundo manchete da Folha de S.Paulo de sexta-feira, é citado na delação de um dos principais executivos da Odebrecht como beneficiário de dinheiro de caixa 2 nas campanha de 2010 e 2014.
Alckmin seria o “santo” que aparece na lista de propinas da Odebrecht. A empreiteira, convém lembrar, executou obras milionárias no Estado de São Paulo, governado pelos tucanos há mais de duas décadas. Outros delatores já citaram o senador Aécio Neves e o ministro José Serra entre os políticos que receberam dinheiro de caixa 2. Na campanha presidencial de 2010, Serra teria recebido R$ 23 milhões de caixa 2 da empreiteira. Com seus principais líderes atingidos pela Lava-Jato, o PSDB terá de garimpar uma novidade em seus quadros ou tentar filiar um novato que esteja para 2018 como João Dória esteve para 2016 em São Paulo.
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Principal atingido pela Lava-Jato, o PT sofreu mais um revés com a nova denúncia do Ministério Público contra o ex-presidente Lula, desta vez na Operação Zelotes (detalhes no texto ao lado). O PT também não tem outros nomes prontos na fila da sucessão. Além de Lula, os principais líderes do partido saíram chamuscados na Lava-Jato. Esse desgaste se materializou nas derrotas colecionadas de Norte a Sul na eleição municipal.
O PMDB, que já não tinha um nome forte, perdeu suas principais apostas pelo caminho. O ex-deputado Eduardo Cunha está preso em Curitiba, o ex-governador Sérgio Cabral passa uma temporada em Bangu e o prefeito do Rio, Eduardo Paes, teve os bens bloqueados em uma ação por irregularidades em obras da Olimpíada. Com a popularidade de Michel Temer em baixa e seus ministros acusados de irregularidades, dificilmente o PMDB conseguirá moldar do barro um candidato viável.
Aliás
Dos nomes tradicionais da política, Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede) estão entre os poucos que vêm conseguindo manter-se a salvo dos escândalos