A cada crime bárbaro registrado no Parque da Redenção, renasce o debate sobre cercar ou não cercar a mais conhecida área verde de Porto Alegre. Desta vez, foi o assassinato do vendedor Luiz Fernando Schilling, de 29 anos, o responsável pela volta da proposta às rodas de conversa.
Como tudo no Rio Grande do Sul, a discussão sobre cercar a Redenção assume o tom passional das disputas da dupla GreNal. Inflamam-se os ânimos, mas, passado o ápice da comoção, tudo volta ao banho-maria, até o próximo ato de violência.
Com a troca de governo e a renovação da Câmara em, 1º de janeiro, o momento é propício para que se inicie uma discussão desapaixonada (se é que isso é possível em Porto Alegre), sobre a conveniência de cercar a Redenção e outros parques.
O cercamento, mesmo que antiestético, é a melhor alternativa para garantir a segurança dos frequentadores e do bairro. A lógica é a mesma dos prédios: se Porto Alegre fosse uma cidade segura, casas e edifícios não teriam cercas nem muros, como na Inglaterra. Só que em Londres os parques e jardins são cercados e fecham as portas durante a noite. Há parques cercados em Paris, Madri, Tóquio e tantas outras cidades do Primeiro Mundo. Por que não em Porto Alegre?
ALIÁS: Os vereadores são eleitos para decidir sobre questões cruciais da cidade, mas se não tiverem coragem para deliberar sobre o cercamento de parques, o prefeito pode propor uma consulta à população.
MARCHEZAN VAI OUVIR ALIADOS - Está confirmada para sexta-feira a primeira reunião do prefeito eleito Nelson Marchezan (PSDB) com os líderes dos partidos que o apoiaram e com os vereadores de sua futura base.Responsável pela articulação política na transição e, provavelmente, no futuro governo, o vereador Kevin Krieger (PP) está convidando todos os vereadores eleitos para um encontro com Marchezan, na sexta-feira da próxima semana.Marchezan pediu que fossem convidados não só os independentes, que poderão integrar o governo, mas opositores convictos, como os vereadores eleitos do PT e do PSOL.
VISÃO EXTERNA - O desenho da estrutura administrativa do governo de Nelson Marchezan terá as digitais de dois craques da gestão: Renata Villhena, que trabalhou com os tucanos em Minas Gerais, e Mauro Ricardo Costa, que orientou o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), e hoje é secretário da Fazenda de Beto Richa (PSDB) no Paraná. Duas técnicas indicadas por Aécio Neves já estão trabalhando na Capital. Adriane Ricieri Brito e Laura Angélica Silva têm o aval do Movimento Brasil Competitivo, que está ajudando Marchezan na montagem do governo.
TIME DOS SONHOS - Se pudesse, Nelson Marchezan traria para seu governo nomes como os dos ex-secretários Aod Cunha e Mateus Bandeira, que saíram do governo Yeda Crusius para carreiras bem-sucedidas no setor privado. O problema é que a prefeitura não tem salário para profissionais desse nível. Aos partidos, Marchezan pedirá que só indiquem pessoas com conhecimento da área em que irão atuar. Outra exigência do prefeito eleito – anunciada na campanha e reafirmada agora – é de ficha limpa para candidatos a qualquer cargo, inclusive os de terceiro escalão.