A primeira pesquisa do segundo turno em Porto Alegre mostra Nelson Marchezan (PSDB)à frente de Sebastião Melo (PMDB) e indica que o maior desafio dos dois candidatos será conquistar os descrentes, que estão dispostos a votar em branco ou a anular o voto. Esse índice é de 18%, não muito diferente do que se viu no primeiro turno, quando 7,01% dos eleitores da Capital apertaram a tecla “branco” e 8,88% anularam o voto.
Marchezan tem 12 pontos de vantagem sobre Melo. Se os números estão certos, significa que herdou não apenas os votos de Maurício Dziedricki, que o apoia formalmente, mas também eleitores de Raul Pont (PT) ou de Luciana Genro (PSOL), que não querem se comprometer com nenhum dos dois candidatos. Entender a lógica do eleitor porto-alegrense exige um certo malabarismo. Entre os que declararam voto em Melo no primeiro turno, 15% disseram que no segundo votarão em Marchezan. Os eleitores do tucano são mais fiéis: só 2% disseram que votarão em Melo.
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Para conquistar essa legião de descrentes, convém prestar atenção nos motivos que os levaram a votar em branco ou a anular o voto. O principal motivo citado é a desconfiança da classe política, seguida pela insatisfação com as propostas e pelo clássico “não me representa”.
Se no primeiro turno quase 16% dos que foram às urnas não encontraram um candidato para chamar de seu, é legítimo imaginar que, com apenas duas opções, o número de brancos e nulos vai aumentar. Não necessariamente. Com 20 anos de experiência em pesquisas eleitorais, quantitativas e qualitativas, a cientista política Elis Radmann diz que, pelo caráter plebiscitário que o segundo turno assume, é possível que ocorra o contrário: redução dos brancos e nulos.
Como conquistar esse eleitor desconfiado da política? O Ibope dá uma pista quando pergunta a eles o que motivou a escolha do seu candidato no primeiro turno (era possível indicar mais de uma resposta). Em primeiro lugar aparecem as propostas (28%), seguidas do fato de representar a mudança (25%) e do desempenho nos debates (15%). Empatados com 13% aparecem o carisma pessoal, a ficha limpa, a capacidade de dar continuidade à gestão atual e o conhecimento da cidade.
Os partidos estão em baixa. Questionados sobre por qual legenda têm preferência ou simpatia, 57% responderam “nenhum”. O PMDB (10%) está tecnicamente empatado com o PT (9%), que historicamente aparecia em primeiro lugar, mas, desta vez, ficou fora do segundo turno.