Os brasileiros têm três opções para lidar com o esqueleto da delação premiada de Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da Petrobras:
1. Não acreditar em nada do que ele diz. Aí a delação perde o sentido, já que o delator só tem os benefícios da “colaboração” se suas informações contribuírem para elucidar os crimes;
2. Acreditar em tudo o que Cerveró diz. Isso significa tomar como verdadeira tanto a afirmação de que repassou dinheiro sujo da Petrobras para a campanha de Jaques Wagner ao governo da Bahia, em 2006, quanto a de que a compra da petrolífera argentina Pérez Companc envolveu uma propina de US$ 100 milhões ao governo Fernando Henrique Cardoso;
3. Acreditar apenas na parte que lhe convém. Que Cerveró fala a verdade quando menciona o seu adversário e mente descaradamente quando aponta os podres do partido da sua simpatia.
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As informações sobre o conteúdo da delação de Cerveró constam em documento apreendido no gabinete do senador Delcídio Amaral (PT-MS), ex-líder do governo no Senado, preso há um mês e meio. Não é a delação premiada em si, mas um resumo das informações que Cerveró prestou à Procuradoria-Geral da República antes de fechar o acordo de colaboração.
O ex-diretor da Petrobras não apresentou provas. Jogou óleo cru no ventilador, deixando para a Polícia Federal e para o Ministério Público refinarem as informações. As informações respingam nos governos de Fernando Henrique, Lula e Dilma Rousseff. Caberá ao próprio Cerveró detalhar as afirmações genéricas que fez e apontar as testemunhas que podem indicar quem se beneficiou de recursos desviados da Petrobras.
Fernando Henrique, Lula e Dilma têm respostas idênticas para as acusações de corrupção na Petrobras em seus governos: não sabiam de nada. Os militantes do PT usam as redes sociais para difundir as acusações contra o governo FHC, mas juram que tudo o que ele diz contra o PT é falso. Os tucanos repudiam os trechos que tratam do governo FHC, mas acreditam que tudo o que Cerveró diz dos petistas é a mais pura verdade.
