Não tente explicar a rejeição ao TikTok por alguns líderes populistas, como Donald Trump e, agora, Nicolás Maduro, pela ideologia. Dará, certamente, um nó na sua mente.
Afinal, o TikTok, de propriedade da ByteDance, é uma empresa chinesa que o governo americano (de Trump, mas também de Joe Biden) olha com desconfiança por questões de segurança: eles temem que o governo chinês possa forçar a ByteDance a entregar dados sobre os 170 milhões de usuários do TikTok nos EUA.
Em abril, a Casa Branca sancionou a lei que determina a proibição do TikTok, a menos que seu proprietário chinês, a ByteDance, venda a operação americana da empresa em um prazo de até nove meses. A empresa contesta a decisão na Justiça.
Em meio à guerra comercial e geopolítica entre Estados Unidos, a rixa é compreensível, até porque não se sabe, exatamente, o grau de autonomia das companhias chinesas, que operam em uma lógica de "capitalismo de Estado". Governo e iniciativa privada, em questões estratégias, por vezes, se misturam.
Agora, vai entender a lógica de Maduro, que, nesta segunda-feira (13), de promover uma guerra civil no país?
- Vejam como o TikTok é imoral, acuso os diretores e proprietários do TikTok em todo o mundo de quererem uma guerra civil na Venezuela, de apoiarem o fascismo na América Latina e no mundo - disse.
Se o app é chinês, e a China apoia Maduro, não deveria ser, exatamente, o contrário?
Por trás da troca de farpas está, é claro, o incômodo do líder venezuelano com os conteúdos críticos a seu regime que aparecem na rede social. Mas também a velha estratégia de políticos de elegerem o inimigo externo quando estão sob pressão. No caso de Maduro, entretanto, ele pode estar errando o alvo.