Não é só mais uma eleição na América Latina.
É A ELEIÇÃO. Não tanto pelo sentido estrito da palavra, porque, sabe-se, dificilmente, o resultado oficial, em um processo com cartas marcadas, representará a preferência dos venezuelanos. Uma ELEIÇÃO, normalmente, consolida uma democracia. Não é o caso da Venezuela dos últimos 25 anos.
Este domingo, no entanto, reúne todas as condições para que o país vizinho consolide um dia histórico: pela primeira vez em 25 anos o chavismo-madurismo pode ser derrotado, virar história, passado, o final de um capítulo tenebroso da jornada latino-americana em busca da democracia.
A névoa da incerteza paira sobre nossos hermanos. A experiência venezuelana dividiu a esquerda, entre os que permaneceram abraçados ao jurássico bolivarianismo, e aqueles que, a tempo, perceberam que o discurso de defesa de uma sociedade igualitária não resiste aos gritos provenientes dos porões da ditadura.
Hugo Chávez e Nicolás Maduro erigiram um reino de faz-de-conta, apartado da realidade política do século 21: de repressão a direitos humanos, violação a liberdades políticas e econômicas. Após anos de asfixia, a oposição angariou apoio popular, graças à estafa do modelo, como mostra umaa entrevista do cientista Carlos Romero ao repórter Vitor Netto. Há uma desilusão do chavismo-madurismo e um guinada em direção à única alternativa viável, Edmundo González Urrutia.
O risco é a margem curta de diferença para um ou o outro candidato, o que abre opção para contestação.
O que a Venezuela decidir, neste domingo (28), tem o poder de ditar os rumos da esquerda latino-americana e global (do modelo de sistema político viável), em um momento crucial da história, contra radicalismos de todos os matizes.