O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
Em discurso durante a sua visita à Bolívia, o presidente Lula fez, novamente, acenos favoráveis ao retorno da Venezuela para o Mercosul. O país foi suspenso do bloco em 2017 devido ao rompimento da cláusula democrática.
— Esperamos também poder receber logo e muito rapidamente a Venezuela. A normalização da política venezuelana significa estabilidade para toda a América do Sul. Fazemos votos que as eleições transcorram de forma tranquila e que os resultados sejam conhecidos por todos — disse o presidente Lula durante o seu discurso.
A fala de Lula ocorre um dia após a Bolívia ingressar no Mercosul, grupo fundado para adoção de políticas de integração econômica e aduaneira entre países. Atualmente, o conjunto é composto pela Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai — agora também a Bolívia.
As eleições venezuelanas — citadas por Lula — estão marcadas para o dia 28 de julho e o atual presidente Nicolás Maduro busca seu terceiro mandato, tendo como principal adversário Edmundo Gonzáles. O presidente brasileiro cobrou respeito ao resultado das urnas.
Ataques a democracia
A fala de Lula em Santa Cruz de la Sierra também relembrou o ataque à democracia que a Bolívia sofreu no fim do mês passado, quando tanques e soldados tentaram invadir o Palacio de Quemado, em La Paz. O presidente agradeceu o país por recebê-lo no momento em que "instituições bolivianas mostram seu valor a uma grave ameaça".
— A Bolívia não pode voltar a cair nessa armadilha. Não podemos tolerar devaneios autoritários e golpismo — afirmou Lula.
Lula também afirmou que todos têm a "responsabilidade de defender a democracia contra as tentativas de retrocesso" e que a "desunião das formas democráticas só tem servido a extrema-direita".