Os colegas Juliana Bublitz e Fabricio Carpinejar já comentaram as polêmicas envolvendo o novo mapa-múndi divulgado pelo IBGE, que coloca o Brasil no centro, mas há dois aspectos que a coluna não poderia deixar de destacar do ponto de vista geopolítico.
Primeiro: a polêmica representação cartográfica inclui as Malvinas como território pertencente à Argentina. O arquipélago do Atlântico Sul que levou nossos vizinhos à guerra nos anos 1980 é de domínio britânico, mas sua posse uma antiga reivindicação dos hermanos, que voltou com tudo agora, na administração Javier Milei. A decisão do IBGE de incluir as Malvinas como parte do território argentino está alinhada com a posição adotada pelo Itamaraty. No início do ano, o Itamaraty divulgou nota dizendo que os direitos da Argentina sobre Ilhas Malvinas são "legítimos".
Outro ponto geopolítico: o mapa brasileiro inclui o o arquipélago de Trindade e Martim Vaz, a quase 1,2 mil quilômetros de distância da costa do Espírito Santo e ponto mais oriental do país. As ilhas integram a chamada "Amazônia Azul", conceito criado pela Marinha devido à semelhança da zona marítima com a Floresta Amazônica (“Amazônia Verde”), em termos de dimensões, abundância de recursos naturais e importância ambiental, científica, econômica e estratégica.
A importância estratégica das ilhas oceânicas – casos de Trindade e Martin Vaz – foi consolidada pela Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, que garante o direito de o Brasil estabelecer Mar Territorial e Zona Econômica Exclusiva ao redor das ilhas.
Assim, é acrescentada uma área marítima de raio de 200 milhas (aproximadamente 370 km) ao redor de cada ilha oceânica, garantindo ao país exclusividade para explorar os recursos na região.