Emmanuel Macron é, de longe, o chefe de Estado com o qual o presidente Lula tem maior afinidade e com quem sente-se mais à vontade. Gentil e espirituoso, o líder francês costuma devolver os afagos.
Macron era extremamente crítico em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro, em especial devido aos incêndios na Amazônia, e eram comuns as rusgas entre os dois. Em 2019, o brasileiro chegou a zombar de sua esposa, Brigitte, em uma rede social.
Com Lula é diferente. Em 2021, quando se preparava para a campanha, o brasileiro foi recebido em Paris com cerimônia na qual requintes lembravam àquelas dedicadas exclusivamente a chefes de Estado.
Brasil e França têm interesses comuns: "duas Amazônias" eu diria. A Amazônia "verde", onde na terça-feira (26) os presidentes anunciaram um plano de investimentos em bioeconomia que promete cerca de 1 bilhão de euros em recursos para a floresta amazônica em território brasileiro e na Guiana Francesa (que pertence à França).
Além disso, há a chamada "Amazônia Azul", conceito cunhado pela Marinha para identificar o território marítimo cuja área corresponde a 5,7 milhões de quilômetros quadrados. É por isso que os dois países têm uma parceria militar. O Prosub faz parte de um acordo de parceria estratégica assinado em 2008 que prevê a construção de um submarino movido a propulsão nuclear, batizado de "Álvaro Alberto", e quatro embarcações convencionais.
Um dos poucos pontos de divergência entre Lula e Macron é em relação à conclusão do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, que está emperrado. Em janeiro, o francês afirmou que as tratativas estavam “encerradas” porque a proposta era “antiquada” e “mal remendada”.