Salvo iniciativas individuais, como instituição, a Assembleia Legislativa está lavando as mãos para o sofrimento dos gaúchos e gaúchas que estão sem energia elétrica.
A cada previsão de novo temporal, a população já é ativada pela ansiedade: virá a tormenta, haverá estragos de infraestrutura, vai faltar luz, ela vai demorar alguns dias para voltar... e, ao se reclamar pelo retorno do serviço pelo telefone, vai ser impossível conversar com um ser humano do outro lado da linha.
Esse é o novo normal em boa parte do Rio Grande do Sul.
E o pior: a sensação é de impotência. Neste momento, o poder público está se isentando da responsabilidade.
Na Assembleia, não saiu a CPI que investigaria a qualidade do serviço prestado por CEEE Equatorial e RGE. Falta uma assinatura para o requerimento, de autoria do deputado Miguel Rossetto (PT), ser aprovado. São necessários 19, há 18. E, mesmo com esse novo temporal, da madrugada de quinta-feira (21), a comissão não deve ser aprovada.
Nos bastidores, há o temor entre parlamentares da situação de que a CPI passe a questionar a privatização da empresa ou se as garantias de investimento e qualidade dos serviços a serem prestados eram suficientes no momento da venda.
Só que a comissão especial, que teria menos poder do que a CPI e seria apoiada pela base do governo, também não saiu, uma vez que não se chegou a 37 assinaturas necessárias.
A realização de audiências públicas não é suficiente. Foram 13 no ano passado. Mais algumas neste ano. Inócuas.
Em Porto Alegre, a CPI da Câmara tem avançado, mas com limitações. Primeiro porque as sessões são, em geral, palco de bate-boca eleitoral.
Segundo porque, até agora, o debate ficou muito centrado na responsabilidade pela poda das árvores. Ora, a culpa pela falta de luz não é das árvores.
Terceiro, ironia das ironias: a sessão de quinta-feira (21) da CPI foi suspensa por falta de quórum porque os vereadores alegaram que estavam sem luz... Ora se todo trabalhador simplesmente não fosse trabalhar porque está sem energia elétrica em casa, o Rio Grande do Sul já teria parado
A sessão que ouviria representantes do Procon municipal, da Agergs e da Fepam ficou para a semana que vem. Há ainda um pedido da CEEE Equatorial para que os acionistas da empresa, que foram convocados para darem explicações, não o sejam.
Enquanto isso, muitos gaúchos e gaúchas seguem sem luz - e assim ficarão até pelo menos segunda-feira (25), conforme a última previsão.