Os 19 mil animais que foram embarcados no navio Al Kuwait estavam vivos ao deixarem Rio Grande, no sul do Estado, rumo ao Iraque.
A afirmação é da Autoridade Portuária dos Portos do Rio Grande do Sul , que administra o porto de Rio Grande, de onde saiu a embarcação que provocou um incidente envolvendo autoridades de saúde na Cidade do Cabo, na África do Sul. O Al Kuwait, de bandeira kuwaitiana, deixou a cidade gaúcha em 9 de fevereiro tendo como destino final o Iraque. No domingo (18), a embarcação atracou na Cidade do Cabo para uma pausa técnica de reabastecimento de ração para os bois.
Depois de alguns dias, o mau cheiro impregnou a área urbana da cidade sul-africana, levando autoridades a desconfiarem de problemas na rede de esgoto. O mistério sobre a procedência do odor teve fim quando autoridades de saúde subiram a bordo do navio Al Kuwait. Militantes da Society for the Prevention of Cruelty to Animals (NSPCA), entidade de defesa dos animais, acompanharam a vistoria.
“As cenas na embarcação foram abomináveis, com um acúmulo extremo de fezes e urina. Os animais não têm outra opção senão descansar em barragens com os seus próprios excrementos. Foram descobertos animais comprometidos, incluindo animais doentes e feridos”, informou a organização.
Assista às imagens do interior da embarcação
A NSPCA sacrificou oito vacas, e outras foram encontradas já mortas. Um consultor veterinário local, Bryce Marock, ficou responsável pelo tratamento veterinário de outros animais.
O episódio ganhou repercussão internacional por meio de reportagens em alguns dos principais veículos de comunicação do mundo. The New York Times trouxe um texto longo assinado por sua correspondente na região, Lynsey Chutel: "Aquele cheiro 'inimaginável' na Cidade do Cabo? Um navio atracado com 19 mil cabeças de gado", dizia o título. O jornal afirmou: "À medida que o fedor se espalhava por mais de um quilômetro e meio para o interior, a Sociedade para a Prevenção da Crueldade contra os Animais encontrou um acúmulo de esterco nos apertados cercados dos animais".
O britânico The Guardian, de Londres, afirmou em título: "Cidade do Cabo atingida por fedor 'inimaginável' de 19 mil cabeças de gado em navio de exportação de animais vivos". O jornal conta que as autoridades iniciaram uma investigação depois que o mau cheiro varreu a cidade sul-africana.
A embarcação deixou a Cidade do Cabo na terça-feira (20) com destino ao Iraque. Serão pelo menos mais 12 dias de viagem. Não se sabe, até o momento, se os responsáveis pelo navio foram multados ou se sofreram algum tipo de penalização.
A coluna questionou a autoridade portuária de Rio Grande sobre quem eram os proprietários da carga, quem fez o carregamento e quais as condições dos animais no momento do embarque.
Em resposta à coluna, a Autoridade Portuária dos Portos do Rio Grande do Sul se manifestou por meio de nota. Leia a íntegra.
"A respeito da situação envolvendo o navio carregado com cabeças de gado, que partiu de Rio Grande e realizou parada na Cidade do Cabo, na África do Sul, a Portos RS – Autoridade Portuária dos Portos do Rio Grande do Sul informa que nas operações envolvendo o embarque de carga viva, os navios chegam ao Porto do Rio Grande vazios, sendo realizados os controles necessários de todas as unidades governamentais e atendidos os maiores padrões de logística, os quais devem ser verificados pelas autoridades dos países de destino das cargas no momento de sua chegada. A observação dessas orientações é feita de forma tão rigorosa que não há registro de incidentes desse tipo no município."