Um navio com 19 mil cabeças de gado que saiu do Porto de Rio Grande foi abordado por autoridades de saúde da África do Sul devido ao mau cheiro vindo da embarcação. O odor impregnou o centro da turística Cidade do Cabo.
O episódio ganhou repercussão internacional por meio de reportagens em alguns dos principais veículos de comunicação do mundo. The New York Times trouxe um texto longo assinado por sua correspondente na região, Lynsey Chutel: "Aquele cheiro 'inimaginável' na Cidade do Cabo? Um navio atracado com 19 mil cabeças de gado", dizia o título. O jornal afirmou: "À medida que o fedor se espalhava por mais de um quilômetro e meio para o interior, a Sociedade para a Prevenção da Crueldade contra os Animais encontrou um acúmulo de esterco nos apertados cercados dos animais".
O britânico The Guardian, de Londres, afirmou em título: "Cidade do Cabo atingida por fedor 'inimaginável' de 19 mil cabeças de gado em navio de exportação de animais vivos". O jornal conta que as autoridades iniciaram uma investigação depois que o mau cheiro varreu a cidade sul-africana. Funcionários da prefeitura chegaram a inspecionar as instalações de esgoto em busca de vazamentos, antes da descoberta de que o odor vinha do navio.
O navio Al Kuwait deixou o Porto de Rio Grande em 10 de fevereiro e atracou no movimentado porto da Cidade do Cabo no domingo (18) para reabastecer os estoques de ração para os animais, antes de seguir viagem até o destino final: o Iraque.
Segundo o The New York Times, essa foi a primeira vez que a embarcação atracou na África do Sul. O jornal entrevistou o porta-voz da Society for the Prevention of Cruelty to Animals (NSPCA), Jacques Peacock. Ele contou que a organização obteve ordem judicial para subir a bordo e inspecionar a carga. Nas instalações, as equipes encontraram acúmulo de fezes e amônia nos cercados dos animais. Alguns dos bichos estavam mortos. "Isso criou um odor inimaginável", disse o grupo na segunda-feira (19) em comunicado.
À agência de notícias Reuters, Grace le Grange, inspetora sênior que subiu no navio, contou que "as fezes do gado já estavam basicamente até o topo de seus cascos em alguns currais”.
— Em geral, o gado em si não estava em condições fisicamente ruins em termos de peso, mas nossa preocupação é em relação ao que poderá ocorrer quando o navio voltar para o oceano — afirmou ela à agência.
As imagens internas do navio, que mostram os animais, foram registradas pela organização NSPCA (veja vídeo acima ou aqui).
O navio é propriedade da empresa Al Mawashi, com sede no Kuwait, especializada no comércio e transporte de gado, com filiais em Dubai, África do Sul e Austrália.
O navio deixou o porto da Cidade do Cabo na terça-feira (20). Até o Iraque serão pelo menos mais 12 dias de viagem.