Os três parlamentares alvo da interpelação judicial do prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, afirmam que a ação, que cobra provas sobre supostas insinuações de corrupção na gestão municipal, é uma tentativa de intimidação.
À coluna, a vereadora Mari Pimentel (Novo), presidente da CPI da oposição que investiga as supostas irregularidades na compra de livros didáticos e equipamentos pela Secretaria Municipal da Educação (Smed), disse que o vídeo publicado em redes sociais e questionado por Melo foi confeccionado com "dados do SEI (sistema de informações e processos administrativos do município) e informações abertas que o próprio GDI apresentou".
No material, intitulado "O escândalo que tirou milhões das escolas da Capital", uma locutora apresenta várias suspeitas, correlaciona dados e personagens e faz uma série de questionamentos sobre a ligação de um empresário com o primeiro escalão da prefeitura. Ao final, pergunta "como a prefeitura aceitou cotações forjadas em compras milionárias?".
À coluna, Mari voltou a questionar por que a prefeitura não publicou o resultado da auditoria realizada na Smed.
Já o vereador Roberto Robaina (PSOL), também alvo da ação, afirma que o prefeito "comanda seus vereadores para obstruir o trabalho da CPI".
- Me tiram da relatoria (da CPI comandada por Mari) para impedir um trabalho sério e entram na Justiça pedindo as respostas para as perguntas que motivaram nossa investigação - afirmou. - Seu objetivo (de Melo) é justamente intimidar. Não me intimido nem paro de trabalhar para que a verdade venha a tona.
O deputado estadual Matheus Gomes (PSOL), terceiro alvo da interpelação, disse que Melo quer processá-lo para desviar o foco, que são as investigações em curso.
- É nítida tentativa de intimidação e interdição do papel fiscalizador de nós, parlamentares. Há um processo de investigação ocorrendo, e o governo Melo deve prestar esclarecimentos e lidar com o trabalho da imprensa, parlamentares e órgãos fiscalizadores. Não serei intimidado por mais essa ação autoritária do prefeito - afirmou.
Na interpelação judicial, é exigido que os parlamentares apresentem provas do que Melo considera insinuações de corrupção contra a sua gestão: "Tal manifestação, que detém inegável caráter ofensivo, apresenta conteúdo potencialmente configurador das condutas típicas dos crimes de calúnia e difamação".