Pela segunda vez em menos de cem dias de governo, o presidente Lula desautorizou seu ministro da Previdência, Carlos Lupi. A primeira, foi quando seu titular da pasta defendeu a revisão das mudanças aprovadas em 2019, que chamou de antirreforma.
Na ocasião, em sua posse, disse que reforma proposta pelo governo Michel Temer e aprovada na gestão de Jair Bolsonaro, foi feita só para tirar direitos.
- Nós temos que entender que a maioria precisa ser protegida, e não a minoria. Hoje, cinco brasileiros detêm a fortuna de R$ 100 milhões, isso não é justo, não está correto. Na hora de apertar o cerco, aperta do pequeno, do aposentado, do pensionista, de quem ganha salário mínimo - declarou.
Dias depois, Lula usou seu ministro da Casa Civil, Rui Costa, para desautorizar o colega. Costa afirmou que Lula é quem deve bater o martelo e destacou que não há nada sendo elaborado sobre uma eventual "reforma da reforma".
Na semana passada, formou-se a segunda saia-justa no Planalto, mais uma vez criada por Lupi: o Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), do qual o ministro é também presidente, reduziu a taxa máxima de juro do consignado para aposentados do INSS de 2,14% para 1,70%. O problema é que os bancos, em especial os bancos privados, que respondem pela grande maioria dos empréstimos, consideraram o valor inviável. Ato contínuo: suspenderam os consignados nessa modalidade.
Nesta segunda-feira (20), o governo recuou e decidiu elevar o valor do juro do consignado.
Nesta terça-feira (21), Lula, de novo, chamou a atenção do ministro da Previdência. Desta vez, ele mesmo se encarregou de dar o recado, em entrevista ao Brasil 247. Defendeu a queda do juro do empréstimo consignado, mas disse que Lupi deveria ter conversado com a equipe econômica antes de promover a redução do teto, embora concorde com a tese.
- Era preciso ter feito um acerto para anunciar uma medida que envolvesse a Fazenda, Planejamento, bancos públicos e privados. A tese é boa, vamos ver como baixar os juros de verdade (na discussão sobre o tema) - afirmou.
