Havia muita expectativa em relação ao encontro entre o presidente Lula e Joe Biden. Mas dias que antecederam a reunião na Casa Branca parecia que as divergências entre os dois governos podiam se sobressair em relação aos consensos.
Havia algo estranho no ar: Lula não falaria com a imprensa brasileira. Os dois presidentes não fariam declaração conjunta. E Biden, ao contrário do que fizera ao receber outros chefes de Estado, não daria declarações públicas ao lado de Lula. Assessores diziam que era apenas uma questão protolocar. Provavelmente, havia arestas que precisavam ser superadas para que o tom da fala fosse o mesmo.
Diante da aparente frieza do governo americano e após insistência dos jornalistas brasileiros, Lula decidiu anunciar uma coletiva após a reunião. Mas, aos poucos, os protocolos da Casa Branca também foram mudando. Biden falou muito mais do que os apenas dois minutos previstos ao qual a imprensa poderia acompanhar no Salão Oval. Foram 15 minutos de conversa aberta, antes que as portas do gabinete fossem fechadas, e os jornalistas, obrigados a se retirar.
E até uma declaração conjunta entre os dois governos, que não haveria, saiu tão logo a comitiva brasileira voltou à Blair House. Menos genérica até do que poderia se supor para um encontro acertado às pressas, com apenas 40 dias de governo no Brasil. Além do expresso em palavras por Lula e Biden no Salão Oval - a defesa da democracia e a prioridade às questões ambientais -, o texto trouxe até dois pontos fora da curva: o lamento à violação da integridade territorial da Ucrânia pela Rússia (ainda que com cuidado por parte do Brasil, essa pode ser entendida como uma crítica a Vladimir Putin) e o apoio dos Estados Unidos à reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), exigência antiga da diplomacia brasileira.