Antes da visita desta sexta-feira (10), Luiz Inácio Lula da Silva esteve quatro vezes na Casa Branca. Na primeira, em dezembro de 2002, ao ser recebido por George W. Bush, estava muito emocionado.
Com a estrela do PT no paletó, buscava desfazer, perante o líder da maior economia do mundo, a ideia de que seu governo romperia com o capitalismo e se aproximaria da Venezuela de Hugo Chávez. Lula ainda era visto com curiosidade pelos olhos do planeta, que, à época, sofria os impactos políticos e econômicos dos atentados de 11 de setembro de 2001. Os EUA, que já haviam atacado o Afeganistão, se preparavam para a invasão do Iraque, ocorrida em março de 2003. Três meses depois do início da ofensiva, Lula era, de novo, recebido por Bush no Salão Oval.
Mesmo em campos ideológicos opostos, a relação com o presidente americano, do Partido Republicano, foi intensa. Lula voltou aos Estados Unidos em 2007, quando foi convidado pelo republicano a ir à residência de Camp David, uma honraria reservada a poucos líderes. Bush precisava mostrar que tinha em Lula um interlocutor confiável, depois de anos de afastamento da América Latina e isolado internacionalmente por causa da guerra no Iraque. O alinhamento era tanto que o republicano, três meses depois da viagem de Lula, foi a São Paulo retribuir a visita.
Com a popularidade em queda livre, o presidente americano não conseguiu reeleger o sucessor, John McCain, em 2008. Em fim de mandato, Bush recebeu de novo Lula na Casa Branca.
O presidente Barack Obama assumiu a presidência em 2009. Na visita de março daquele ano, o brasileiro ouviu do democrata, que tinha Joe Biden como vice, ser seu "grande admirador" - a famosa frase de Obama, segundo o qual Lula seria "o cara", fora dita em outra oportunidade, em Londres, em reunião do G20, um mês depois.
Em suas memórias, "Uma terra prometida", Obama disse, no entanto, que não sabia à época das suspeitas de corrupção sobre o brasileiro. No texto, comparou Lula a um chefão mafioso, embora, em entrevistas posteriores tenha evitado se mostrar decepcionado. Ele dizia reconhecer Lula pelo mérito de ter "tirado milhões de brasileiros da miséria".