As relações entre Brasil e Argentina vão muito além do aspecto político e da afinidade ideológica entre Luiz Inácio Lula da Silva e Alberto Fernández. São estratégicas do ponto de vista econômico. Juntos, os dois países representam cerca de dois terços do território, da população e do PIB da América do Sul.
No ano passado, as exportações brasileiras para a Argentina cresceram 29% em relação a 2021, atingindo US$ 15,3 bilhões. O país vizinho é o terceiro principal destino de produtos brasileiros, atrás apenas de China e Estados Unidos.
Entre os destaques, em 2022, estão partes de veículos (11%) e automóveis (10%).
Em relação às importações, o Brasil compro 9,6% mais em 2022 em relação ao ano anterior, chegando a US$ 13 bi. Os principais produtos estão veículos para transporte (19%), automóveis (16%) e trigo (12%).
Em 2022, o estoque de investimentos do Brasil na Argentina foi estimado em US$ 14 bi, gerando cerca de 53 mil empregos. São investimentos de perfil variado, com grande presença nos setores de manufaturados, serviços, mineração, energia e siderurgia. Já a Argentina investiu, no ano passado, US$ 15,7 bi, com destaque para área de engenharia e construção, agroindústria, gestão de infraestrutura (aeroportos), metalurgia e tecnologia.
A seguir, alguns temas da pauta da reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Alberto Fernández, nesta segunda-feira (22) na Casa Rosada. Após encontro a sós, eles também irão conversar com cerca de 300 empresários dos dois países.
Integração da infraestrutura viária
Tratativas a respeito do futuro complexo ponte e Centro Unificado de Fronteiras de São Borja-Santo Tomé, cuja concessão se encerra em 29 de agosto, a revitalização da ponte Uruguaiana- Paso de los Libres, a construção de uma nova ponte entre Porto Xavier e San Javier, sobre o Rio Uruguai e a implantação do corredor rodoviário biocênico, que conectará o Brasil ao Chile através do Paraguai e da Argentina.
Integração energética
A Argentina detém a segunda maior reserva de gás de folhelho do mundo, bem como a quarta de óleo de folhelho. O governo argentino e segmentos da iniciativa privada dos dois países têm demonstrado interesse no projeto de construção de um gasoduto ligando a província de Neuquén ao mercado brasileiro, via BNDES.
Cooperação na área financeira
Os governos estão iniciando debates sobre medidas para fortalecer o uso do Sistema de Pagamentos em Moeda Local, a fim de prover novos instrumentos de facilitação do comércio entre os dois países. Trata-se do sistema de pagamento internacional já em operação, administrados pelos bancos centrais dos países do Mercosul, que permite pagamentos e recebimentos diretamente em reais/pesos no comércio bilateral.
Cooperação nuclear
Fortalecer o ambiente de confiança mútua e transparência, possibilitado pelo modelo de verificação e salvaguardas nucleares vigente entre os dois países, formalizado em 1991.
Cooperação espacial
O principal projeto de cooperação na área é o satélite argentino-brasileiro de observação dos oceanos (Sabia-mar), que tem como objetivo a observação oceanográfica para aplicação no uso sustentável de recursos marinhos vivos, gerenciamento ambiental, prevenção de desastres, meteorologia, clima e hidrografia.
Cooperação em saúde
Entre potenciais áreas de cooperação está o desenvolvimento e produção de vacinas, com vistas a atender os países da região. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) selecionaram instituições dos dois países para a produção de imunizantes contra a covid-19 com tecnologia de RNA mensageiro (mRNA).