A vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner foi condenada na terça-feira (6) por corrupção e sentenciada a seis anos de prisão. A ação, intitulada "Causa Vialidad", está relacionada a desvio de verbas na forma de concessões de obras públicas na província de Santa Cruz, onde seu falecido marido, o ex-presidente Néstor Kirchner, foi governador antes de chegar à Casa Rosada, em Buenos Aires. Os recursos desviados tiveram como destino a empresa de um amigo da família, Lázaro Báez, que também foi condenado a seis anos de prisão.
No caso de Cristina, além dos seis anos de reclusão, ela fica impossibilitada de exercer cargos públicos para sempre.
Enquanto estiver no cargo de vice-presidente (e também como presidente do Senado), ela não será presa, porque dispõe de foro privilegiado. Esse privilégio pode ser derrubado com um processo de impeachment no Legislativo, porém apenas depois que forem esgotadas todos os recursos. O processo também dificilmente seguiria à frente porque o kirchnerismo é muito forte no Senado e dispõe de amplas alianças.
Então, só restaria como opção para a prisão que Cristina deixe o cargo de vice-presidente. O mandato termina no ano que vem, quando ocorrerão eleições presidenciais. Ela já disse que não vai concorrer a nenhum cargo eletivo, o que poderia renovar a imunidade (lembrando que a sentença sobre inelegibilidade também só vale após serem esgotados todos os recursos).
A questão é que, também em 2023, ela completa 70 anos, idade pela qual poderia pleitear prisão domiciliar.
A situação de Cristina é muito semelhante a de outro político famoso da Argentina: o ex-presidente Carlos Menem, do Partido Judicialista, foi condenado em três ocasiões. A última em 2019 (ele morreu em 2021). Nessa, foi devido à venda por preço abaixo do mercado de um prédio tradicional da Sociedade Rural, em Palermo, na capital. As duas sentenças anteriores diziam respeito a superafaturamento de obras e por tráfico de armas à Croácia e ao Equador.
Como era senador pela província de La rioja e tinha foro privilegiado, não foi preso. Também nunca sofreu afastamento do parlamento graças a sua influência política e alianças.