Não foi o tsunami esperado, não veio a "onda vermelha" do Partido Republicano nas eleições de meio de mandato (as Midterms), mas há mudanças em Washington. A legenda de oposição ao presidente democrata Joe Biden conquistou a maioria na Casa (The House, como dizem os americanos). Ocuparão pelo menos 218 dos 435 assentos, com base nas projeções das emissoras de TV e contagem de votos.
Foram conquistadas 10 cadeiras a mais do que na atual legislatura - a expectativa dos republicanos era bem mais. A vitória na Câmara dará aos republicanos a capacidade de dificultar a agenda legislativa de Biden, mas não será a tragédia esperada pelos democratas, porque o governo deve manter a maioria no Senado, ainda que com segundo turno no Estado da Geórgia, prevista para o início de dezembro.
Com maioria no Senado, Biden vai continuar ditando a confirmação de juízes federais e tendo facilidades ao indicar membros do gabinete.
A novidade deve ser a saída de Nancy Pelosi, a democrata que é presidente da Câmara dos Deputados. Embora sua trajetória política de décadas tenha sido manchada pela tensão internacional que provocou ao visitar Taiwan, fazendo a China flexibilizar músculos, Pelosi tem uma trajetória respeitável, tendo ocupado o cargo em duas ocasiões - atualmente desde 2019 e antes, entre 2007 e 2011.
O posto de speaker, como os americanos chamam o cargo, deve ser ocupado por Kevin McCarthy, eleito na terça-feira (15) líder do Partido Republicano na Casa. O deputado pela Califórnia, de 57 anos, ocupa altos cargos no Capitólio desde 2014.
Obviamente, haverá eleições. No dia 3 de janeiro, todos os 435 membros recém-eleitos da Câmara escolhem o presidente, terceiro posto na cadeia de comando da nação, depois do presidente e da vice dos Estados Unidos. Ainda que com margem menor do que o esperado, ele deve vencer - ainda que todos os democratas devam votar contra e não se descarte a deserção entre republicanos radicais.