O funeral da rainha Elizabeth II é um bom termômetro da situação das monarquias no mundo. Em pleno século 20, existem pelo menos sete monarquias absolutistas, ou seja, onde o rei (no caso, todas são exercidas por figuras masculinas) exerce o papel de chefe de Estado e de governo. São elas Brunei, Omã, Catar, Arábia Saudita, Suazilândia, Emirados Árabes Unidos e Vaticano.
O Estado do Vaticano, enclave 44 hectares dentro de Roma, como se vê, é a única monarquia absoluta da Europa. Nela, o Papa é o rei, sem existência de parlamento. Aliás, Francisco foi convidado para o funeral de Elizabeth II, mas não foi porque, em geral, o Pontífice não participa dessas cerimônias, por tradição - algo relacionado ao poder simbólico, o fato dele ele, supostamente, estar acima dos demais reis e rainhas.
As demais monarquias europeias são constitucionais - ou seja, as ações do monarca são limitadas pelo parlamento. A presença dos reis e rainhas na Abadia de Westminster, nesta segunda-feira (19), ajuda a entender o estado dessa forma de governo no século 21.
Entre os europeus, estavam presentes a rainha Margrethe II (Dinamarca), prima distante de Elizabeth II e única mulher no trono no continente europeu, Willen-Alexander (Holanda), Harald 5º (Noruega), Philippe (Bélgica), Felipe 6º (Espanha), Carls 16 Gustaf (Suécia), acompanhado da rainha Silvia, que tem origem brasileira, além das famílias reais dos principados de Mônaco e Liechtenstein e do grão-ducado de Luxemburgo.
No mundo, 43 países adotam a monarquia como forma de governo na atualidade. Estamos falando de 600 milhões de pessoas, ou 7% da população mundial.
Boa parte dos impérios europeus caíram após a Primeira Guerra Mundial - especialmente os envolvidos no conflito, como os impérios Áustro-Húngaro, Turco-Otomano e Russo. Aqueles que resistiram souberam se ajustar à democracia - em geral, chama a atenção os nórdicos, países reconhecidos pelo Estado de bem-estar social, como Suécia e Dinamarca - com a morte de Elizabeth II, a rainha Margrethe II, passou a ser a monarca mais longeva, há 50 anos no trono.
Embora questionamentos republicanos surjam no Reino Unido, após a morte de Elizabeth II e a ascensão de Charles III, é na Espanha que o estado da realeza é mais questionado. A família real espanhola é composta hoje por apenas quatro membros e o ex-rei Juan Carlos I é acusado de corrupção e de envolvimento em caça ilegal na África (de elefantes). Por isso, ele vive no exílio em um país árabe. Aliás, a monarquia só foi restabelecida na Espanha por força da ditadura de Franco, o general em fim de mandato.