A sexta-feira (11) amanheceu no Leste Europeu com uma mudança tática importante no front ucraniano - e que pode elevar a guerra a um outro nível, ainda mais perigoso. Nas últimas horas, a Rússia atacou cidades do oeste da Ucrânia que até agora haviam sido poupadas no conflito. Tratam-se de Lutsk e Ivano-Frankovsk, cujos aeroportos foram bombardeados.
Por que isso é perigoso? Porque Lutsk, por exemplo, fica a cerca de cem quilômetros da fronteira polonesa. Um ataque à cidade significa que que as forças russas estão ainda mais próximas de um país da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Não à toa, a Polônia tem sido o país da aliança militar do Ocidente mais engajado na ideia de apoiar militarmente a Ucrânia - nesta semana, se disse pronta a colocar todos os seus caças MiG-29 à disposição dos Estados para que sejam mandados à Ucrânia, mas foi desautorizada pelo governo americano. O país do Leste Europeu até agora tem apoiado o governo ucraniano apenas com armas de defesa. O Pentágono anunciou que enviará duas baterias antiaéreas Patriot para o território polonês, com objetivo de garantir que não haja o transbordamento do conflito para as fronteiras de membros da Otan.
O oeste ucraniano vinha sendo até agora relativamente poupado da ação russa. Lviv, por exemplo, a 80 quilômetros da fronteira com a Polônia, virou uma espécie de refúgio para milhares de ucranianos que fogem de outras cidades atacadas, no oeste do país. É também para onde foram deslocadas embaixadas estrangeiras, como a dos Estados Unidos e do Brasil. Um ataque a essa cidade, portanto, teria impacto simbólico ainda maior, uma vez que virou uma espécie de bolsão internacional e possível refúgio inclusive no caso de o governo ucraniano precisar deixar a capital, Kiev, e buscar um local provisório como sede administrativa.