No discurso no Congresso dos Estados Unidos, nesta quarta-feira (16), o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky voltou a apelar ao Ocidente que decrete uma zona de exclusão aérea sobre seu país. Mas você sabe o que isso significa?
A medida proibiria que aviões sobrevoassem o espaço aéreo da Ucrânia. Isso significa que qualquer aeronave que violasse a medida poderia ser abatida.
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) tem rejeitado essa ideia justamente por isso. Em caso de violação por aeronaves russas, por exemplo, a aliança militar teria de usar sua força para interceptá-las - ou mesmo derrubá-las -, o que seria considerado um ato de guerra e levaria a um confronto direto entre os dois lados.
A medida é usada como argumento por Zelensky para permitir a fuga de civis.
A ação já foi utilizada antes da guerra do Iraque, de 2003. Nos anos 1990, após o ataque do regime de Saddam Hussein a minorias curdas (Norte) e xiitas (Sul), a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu zonas de exclusão aérea sobre o Iraque, fatiando, digamos assim, o espaço aéreo do país (no Norte e no Sul). A ideia era proteger essas populações do uso de armas químicas pela ditadura de Saddam. Frequentemente, no entanto, essas zonas eram violadas. Entre 1993 e 1995, a Otan também proibiu voos sobre o espaço aéreo da Bósnia, também baseada em resolução da ONU. O mesmo ocorreu durante a guerra da Líbia, na Primavera Árabe, em 2011.
Além do risco de um engajamento direto entre EUA e Rússia e do fato de não haver garantias de cumprimento, uma zona de exclusão aérea exige gastos exorbitantes em monitoramento e vigilância. E, como a maioria dos ataques russos à Ucrânia são feitos a partir de terra (e não de aviões), com fogo de artilharia, a medida poderia ser pouco útil. Outro argumento é que os mísseis de cruzeiro ar-terra disparados contra a Ucrânia partem do espaço aéreo russo - e não ucraniano, o que tornaria inócuo o estabelecimento da zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia.