Um levantamento preliminar realizado pela Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) constatou que a instituição dispõe de pelo menos 20 hiperfreezers, com capacidade para armazenar substâncias a até -80ºC. Ou seja, esses aparelhos teriam condições de guardar as vacinas da Pfizer/BioNtech, que estão sendo administradas contra a covid-19 no Reino Unido e nos Estados Unidos, por exemplo.
O professor Jefferson Simões, vice-pró-reitor de Pesquisa, estima que esses hiperfreezers poderiam armazenar cerca de 300 mil doses de vacina.
O levantamento começou a ser feito na terça-feira (14) e ainda está em andamento. Alguns dos 20 equipamentos apresentam problemas técnicos e precisariam ser consertados para armazenamento da vacina.
Os frigoríficos comerciais, como os que armazenam amostras de gelo antártico de pesquisa da UFRGS, chegam a no máximo -20ºC.
Várias universidades gaúchas estão fazendo levantamentos semelhantes ao da UFRGS para verificar suas capacidades para guardar lotes do produto contra o coronavírus. Alguns hiperfreezers estão cheios com substâncias utilizadas pelos pesquisadores. Os equipamentos são usados para estudos com vírus e para a conservação de amostras biológicas. A maioria do aparelhos fica em institutos de Medicina ou em outros centros acadêmicos, além de empresas que desenvolvem vacina.
- Certamente, essa terá de ser uma ação de cooperação de todas as universidades do Rio Grande do Sul e de outras instituições de pesquisa - afirma Simões.
Como glaciologista e um dos mais experientes pesquisadores da Antártica, ele ilustra que, mesmo no continente gelado, seria difícil armazenar substâncias em temperatura tão baixa. Apenas no centro da Antártica, onde fica Vostok, a estação russa, a temperatura média cai abaixo de -70ºC.