A campanha de Donald Trump anunciou nesta quarta-feira (4) que está pedindo a recontagem dos votos em Wisconsin, onde o rival democrata, Joe Biden, está à frente na apuração no Estado que dá ao vencedor 10 delegados no colégio eleitoral - rede CNN já o declara ganhador ganhador ali.
Esperava-se que a batalha jurídica nos Estados Unidos começaria pela Pensilvânia, mas, a partir dos cálculos dos republicanos, Wisconsin, junto com Michigan, passam a ser mais importantes. Se Biden consolidar vitórias no Arizona (11 delegados) e em Nevada (seis) e ganhar em Wisconsin (10) e Michigan (16), somaria 270 no colégio eleitoral e seria eleito, podendo até perder a Pensilvânia. Por essa lógica, Trump ganhando na Pensilvânia (20 delegados), Carolina do Norte (15), Geórgia (16) e Alaska (três) somaria, no máximo, 267 delegados. A eleição seria vencida no colégio eleitoral por três delegados apenas.
A vantagem de Biden é de 20 mil votos em Wisconsin - a mesma que deu vitória a Trump contra Hillary Clinton em 2016. Percentualmente, trata-se de 0,6 ponto. Quando a diferença entre os dois candidatos é inferior a um ponto percentual, a legislação de Wisconsin permite que seja pedida a recontagem.
O fantasma da Flórida na eleição de 2000 começa a rondar a disputa de 2020. Naquela época, com 85% da apuração, a vantagem do candidato republicano George W. Bush era de 100 mil votos sobre o democrata Al Gore. Com a aproximação do final da contagem, o ex-vice de Bill Clinton teve a diferença diminuída. Ao final, Bush tinha apenas 300 votos à frente.
A campanha democrata entrou com pedido de recontagem dos votos. Por decisão da Justiça do Estado, o processo de reavaliação começou. Levado para a Suprema Corte, sete magistrados contra dois decidiram que a decisão cabia à Justiça da Flórida - e passou a valer a vitória de Bush. O republicano levou os 25 delegados a que o Estado tinha direito em 2000 (hoje são 29), totalizando para o republicano 271 delegados no colégio eleitoral contra 266. Ou seja, Bush ganhou por uma diferença de cinco delegados.
Os EUA e o mundo levaram mais de um mês para saber quem seria o presidente. Se isso ocorrer hoje, teremos instabilidade nos mercados e uma sombra de dúvidas sobre a democracia americana.