Durante o anúncio sobre o registro da vacina russa contra o coronavírus, nesta terça-feira (11), o presidente Vladimir Putin citou que uma de suas filhas teria recebido duas doses da imunização.
- Ela participou do experimento - afirmou.
Em seguida, o líder acrescentou que a filha teve febre de 38ºC no dia da primeira dose. Depois da vacina, a temperatura corporal teria caído para “pouco mais de 37ºC”, segundo o presidente. Ainda conforme Putin, após a segunda dose, sua filha apresentou novamente ligeiro aumento de temperatura, “mas então tudo acabou”.
- Ela está se sentindo bem e tem um grande número de anticorpos - finalizou o líder.
Putin não especificou, no entanto, qual de suas duas filhas - Maria ou Katerina - teria recebido as doses da vacina.
A fala do presidente russo tinha claro objetivo de dar legitimidade à descoberta da substância contra o coronavírus, vista com ceticismo pela comunidade científica internacional. Mas não fugiu muito do script habitual do chefe do Kremlin de manter a aura de mistério em torno de seu círculo familiar.
Pouco se sabe sobre a intimidade de Putin e de seus parentes, em especial sobre suas duas filhas. Mesmo estando no poder há mais de 20 anos, só recentemente o presidente, ex-funcionário de inteligência do serviço secreto russo, tem falado sobre elas - em geral para destacar sua origem russa (quando muitos na imprensa chegaram a comentar que elas se formaram no Exterior) e sua formação, supostamente ligada às tradições do país.
Quando o jornal El Mundo, de Madri, afirmou que Katerina era apaixonada por dança de competição, o presidente não confirmou nem desmentiu a informação, mas ressaltou que suas herdeiras nunca passaram muito tempo no Exterior e que se formaram em universidades russas.
Katerina e Maria são filhas de Putin com Ludmila, de quem o presidente se separou em 2013, após três décadas de casamento. Maria é a mais velha, nasceu em 1985. Katerina veio no ano seguinte. Segundo Putin, as duas falam fluentemente “três línguas europeias”. Uma delas domina um idioma oriental. Como ambas passaram um tempo em Dresden, são fluentes em alemão. Além de dança acrobática, sabe-se que Katerina estudou biologia e geologia. Maria seria formada em medicina e tem ligações com a Universidade Estatal de Moscou.
Elas não estariam ligadas à administração de empresas ou à política. Segundo uma reportagem realizada pela agência de notícias Reuters, Katerina trabalharia para uma empresa multimídia chamada RBC e atuaria na área de desenvolvimento tecnológico também na Universidade Estatal de Moscou.
Katerina usaria como sobrenome Tikhonova. É casada com Kirill Shamalov, filho de Nikolai Shamalov, amigo antigo de Putin. A família é proprietária do Banco Rossiya, descrito por autoridades dos EUA como uma instituição bancária pessoal da elite russa. O casal teria uma casa à beira mar em Biarritz, França, no valor estimado de US$ 3,7 milhões.
Jornalistas que cobrem o Kremlin costumam afirmar que é mais fácil noticiar temas de segurança nacional - algo também cercado de segredos - do que questões relacionadas à família de Putin. Sempre que perguntado sobre a razão de tanto segredo, o presidente costuma justificar, de forma lacônica, que se trata de uma questão de segurança.
- Eu nunca disse onde exatamente minhas filhas trabalham, o que elas fazem, e não pretendo fazê-lo agora por muitas razões, incluindo uma questão de segurança. Em geral, acredito que cada pessoa tem direito a seu próprio destino. Elas nunca foram filhas de uma celebridade, nunca tiveram prazer em ser o centro das atenções e estão simplesmente vivendo suas próprias vidas - afirmou, em 2012.