Se você viu a declaração do secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, sobre bloquear o Tik Tok no território americano, deve estar se perguntando: por que um aparentemente inofensivo app provoca a ira do governo Donald Trump?
Não é só porque foi por meio da ferramenta, que é febre também no Brasil, que muitos usuários organizaram o maior boicote a um comício já visto na história recente - do próprio presidente, em Tulsa, algumas semanas atrás. A batalha contra o Tik Tok é parte da guerra comercial - e geopolítica - entre os Estados Unidos e a China.
- Sobre os aplicativos chineses, posso garantir que os EUA vão tratar desse assunto. Não quero passar por cima do presidente, mas é algo que estamos ponderando - disse Pompeo.
O secretário ecoou um pensamento unânime entre altos funcionários e diplomatas americanos: que tecnologias chinesas - o Tik Tok é propriedade da startup ByteDance, com sede em Pequim - servem como braço de espionagem tecnológica (política, comercial e militar) para o Partido Comunista chinês. O governo diz que a empresa poderia ser obrigada a apoiar e cooperar com Pequim. Por isso, chegaria a ser uma ameaça à segurança nacional. A preocupação é tanta que militares americanos não podem baixar o app em seus smartphones.
O argumento é semelhante ao utilizado pelo governo americano no caso da disputa pela tecnologia 5G: países que aderirem à Huwaei, por exemplo, estariam sob risco, uma vez que, na visão americana, empresas chinesas são obrigadas a repassar dados de seus usuários ao governo de Pequim. O embaixador dos EUA no Brasil, Todd Chapman, tem feito esse alerta.
Aliado do governo americano, a Índia já proibiu o seu uso, entre outros mais de 50 apps, por considerá-lo prejudicial à soberania, integridade e defesa do país, segurança do Estado e ordem pública.
Executivos da Tik Tok têm reiterado que o governo chinês nunca pediu dados de usuários e que a empresa não os entregará se solicitada. A empresa afirma que trabalha de forma independente do ByteDance e que seus centros de operação estão todos localizados fora da China.
Procurada pela coluna, a assessoria de comunicação da empresa no Brasil informou posicionamento por meio de porta-voz: "O TikTok é liderado por um CEO americano, com centenas de funcionários e líderes-chave em segurança, produtos e políticas públicas nos EUA. Não temos outra prioridade senão promover uma experiência de aplicativo segura e confiável para nossos usuários. Nunca fornecemos dados dos usuários ao governo chinês e nem o faríamos se solicitado."