
Não há surpresas na lista definida pela Comissão Europeia dos 15 países cujos cidadãos poderão entrar no bloco a partir desta quarta-feira, 1 de julho, data simbólica em que a Europa se reabre ao mundo.
Se por um lado não foi fácil para os diplomatas dos 28 países da União Europeia (UE) chegarem à relação final - muitas nações dependem do turismo, especialmente as mais pobres, como a Grécia, para os quais receber turistas é fundamental para reativar a economia -, por outro, desde o início, era certo que viajantes oriundos de territórios onde o coronavírus está descontrolado, como Brasil e Estados Unidos, não seriam aceitos. Quem acompanhou as discussões das últimas semanas em Bruxelas sabia que em nenhum momento foi cogitado, ao menos nessa primeira lista, a ser revista dentro de 14 dias, que Brasil estivesse incluído.
Apesar da pressão do setor turístico, a Europa colocou a saúde e os critérios científicos em primeiro lugar. O Brasil ficou de fora da lista verde por vários motivos, entre eles o fato de que a taxa de transmissão continua mostrando a epidemia fora de controle por aqui, com aceleração de novos casos. Na quinzena encerrada em 15 de junho, o país registrou 167 novos casos por 100 mil habitantes, mais que o dobro da média da UE. Reabrir o continente é algo delicado e a última etapa de um processo em efeito-cebola, que começou de dentro para fora. Não há certezas sobre o momento - e o futuro. A Alemanha e Portugal, por exemplo, nações que se tornaram exemplos globais de contenção da covid-19, são vitimas de novos surtos. Uma segunda onda será um fantasma com o qual os europeus terão de conviver por alguns meses.
Ao ficarmos de fora da festa da reabertura, que muitos comparam ao fim da Segunda Guerra Mundial, o Brasil e nós, seus cidadãos, começaremos a sentir, pela primeira vez, o peso do isolamento internacional, resultado da má gestão da pandemia.
Honrando seu compromisso de não exclusão, a UE colocou como determinante para entrar ou não no bloco o país de residência do viajante - não sua nacionalidade, o que poderia dar conotação de xenofobia ou uma ação anti-imigração. Ou seja, não significa que brasileiros estejam proibidos de entrar na Europa. Mas apenas brasileiros oriundos do Brasil. Um brasileiro que more em Montevidéu (Uruguai) ou em Wellington (Nova Zelândia) pode ingressar. Mas um uruguaio ou neozelandês que more em Porto Alegre, não.