O Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério das Relações Exteriores (Sinditamaraty) não gostou das declarações do embaixador Fábio Mendes Marzano, chefe da força-tarefa do Ministério das Relações Exteriores, em entrevista à coluna, na qual o diplomata detalhou a operação que repatriou mais de 17 mil brasileiros retidos no Exterior devido à pandemia de coronavírus.
A entidade enviou nota, na qual destaca repúdio às declarações de Marzano: "É fundamental que a sociedade brasileira tenha conhecimento de que as atividades consulares nas repartições do Brasil e no mundo são, majoritariamente, exercidas por outras carreiras do Itamaraty, como os Assistentes de Chancelaria, os Oficiais de Chancelaria e os servidores que integram o Plano de Classificação de Cargos (PCC) e o Plano Geral de Cargos do Poder Executivo (PGPE). Esses servidores se dedicam integralmente à assistência aos brasileiros em todo o mundo. No entanto, as recentes declarações do atual secretário de Assuntos de Soberania Nacional e Cidadania do ministério, Fábio Mendes Marzano, que lidera o Grupo Especial de Crise para Assuntos Consulares e Migratórios (G-CON), ao jornal Zero Hora, constituem exemplo da política de invisibilização do trabalho de mais da metade do corpo funcional do Ministério das Relações Exteriores".
Leia, a seguir, a íntegra da nota do Sinditamaraty:
Nota Oficial
O Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério das Relações Exteriores (Sinditamaraty) repudia, veementemente, qualquer campanha institucional e declarações à imprensa que atribuem o êxito das operações de repatriação dos brasileiros exclusivamente a uma carreira do Itamaraty.
É fundamental que a sociedade brasileira tenha conhecimento de que as atividades consulares nas repartições do Brasil e no mundo são, majoritariamente, exercidas por outras carreiras do Itamaraty, como os Assistentes de Chancelaria, os Oficiais de Chancelaria e os servidores que integram o Plano de Classificação de Cargos (PCC) e o Plano Geral de Cargos do Poder Executivo (PGPE). Esses servidores se dedicam integralmente à assistência aos brasileiros em todo o mundo.
No entanto, as recentes declarações do atual secretário de Assuntos de Soberania Nacional e Cidadania do ministério, Fábio Mendes Marzano, que lidera o Grupo Especial de Crise para Assuntos Consulares e Migratórios (G-CON), ao jornal Zero Hora, constituem exemplo da política de invisibilizacão do trabalho de mais da metade do corpo funcional do MRE.
Acreditamos que toda a classe trabalhadora do Itamaraty precisa ser reconhecida e respeitada. O mínimo que se espera do ministério é que, em suas publicações oficiais ou em manifestações de servidores em posição de comando, se afirme um discurso de valorização e integração de todos os que pertencem ao patrimônio humano da política externa brasileira.
Assim, também, é de suma importância aplaudir todos os colegas servidores de outros órgãos envolvidos nessas operações, bem como o grupo igualmente importante e numeroso de trabalhadores contratados – terceirizados, estagiários e auxiliares locais –, que do mesmo modo contribuem para o sucesso das ações do Estado.
Para garantir o retorno dos brasileiros, não são poucas as pessoas que estão diretamente em plantão, de sobreaviso, concentrados nos aeroportos, nos postos e no Brasil, para garantir o atendimento aos nossos cidadãos.
O atual cenário de pandemia da COVID-19 reivindica das autoridades um olhar atento e um investimento de recursos financeiros e humanos para estruturar e fortalecer, em bases regulares, o serviço consular. O momento oferece a oportunidade para construir um novo modelo consular para o país, com um corpo permanente e especializado para atuar nas atividades exclusivas do setor.
Por fim, o Sinditamaraty continuará defendendo as políticas de integração, de construção e de defesa da identidade coletiva, de observância aos ditames constitucionais do ambiente laboral sadio, de profissionalização e de especialização do trabalho, de promoção do bem-estar e de combate a quaisquer formas de assédio ou discriminação.