Mais uma crise envolvendo o governo de Boris Johnson, no Reino Unido.
Primeiro, foi a reação tardia à pandemia e uma estratégia de imunidade de rebanho que não deu certo no arquipélago de Sua Majestade - e o próprio chefe do Executivo acabou sendo infectado pelo coronavírus. Depois, foi o confuso plano de comunicação para o desconfinamento, que deixou os cidadãos sem saber se podiam ir às ruas ou se deveriam ficar em casa. Agora, é a viagem de seu principal estrategista, Dominic Cummings, que abriu nova crise no governo, apelidada de "Cumgate".
Cummings é o homem por trás de vitórias importantes de Johnson - o Brexit no referendo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia e a maioria que garantiu ao chefe o posto de premier com folga no parlamento devem-se em boa parte a suas estratégias de marketing.
Acontece que, enquanto mais de 80% dos britânicos dizem estar há meses sem ver pais, irmãos e outros parentes devido às medidas de distanciamento social, o assessor de Johnson viajou com a família no final de março para Durnham, a 400 quilômetros de Londres. Seus pais têm propriedade na região. Em entrevista, Cummings explicou que ele a mulher suspeitavam de estar infectados com o coronavírus e que o casal não tinha com quem deixar o filho. Na época, a ordem era "stay home" (fique em casa), slogan que o próprio Cummings criou.
Os britânicos não podem visitar familiares ou ir a hospitais - sequer podem participar de funerais. A saída do político da quarentena enfureceu os cidadãos, que encheram as caixas de email dos deputados com cobranças. Por enquanto, Johnson diz que Cummings fica no governo.