Em conversa, por teleconferência, com jornalistas do sul do Brasil, na tarde desta terça-feira (12), o novo embaixador dos Estados Unidos em Brasília, Todd Chapman, destacou o alinhamento político entre os governos dos presidentes Donald Trump e Jair Bolsonaro e deixou clara a perspectiva americana de que a pressão sobre a China deve aumentar por parte da Casa Branca.
Embora considere que no atual momento a prioridade deve ser o combate à pandemia, o diplomata acredita que uma mudança de posicionamento estratégico virá a partir da crise.
Chapman evitou detalhar que medidas podem ser adotadas pelo governo dos EUA em relação à China, local de origem do coronavírus, mas afirmou que “os recados estão sendo dados”.
- As consequências vão ser importantes e transformadoras. E é algo que meus líderes políticos em Washington têm sido muito claros em suas reflexões sobre o que vai ser no futuro - declarou.
O governo Trump tem buscado aliados para elevar a cobrança sobre Pequim, por considerar que o manejo da crise e a falta de transparência por parte do Partido Comunista favoreceram a propagação do vírus.
Chapman destacou que o excesso de dependência da China serviu como alerta.
- Nunca pensava em EPI (equipamento de proteção individual) como material estratégico. Temos, nos EUA, uma reserva estratégica de petróleo, porque é importante caso algo aconteça. Mas quem saberia que seria importante ter uma reserva estratégica de EPI? Agora, sabemos, com clareza. E se um país quer usar essa realidade de uma maneira que seja contra a saúde dos EUA, a consequência vai ser que essa realidade não vai continuar - salientou.
Chapman afirmou que governo e cidadãos devem reexaminar a dependência de produtos chineses, como medicamentos, máscaras e respiradores:
- Acho que vamos ver muito nos EUA governo e cidadãos reexaminado essa dependência em países que na hora x (da necessidade) não estavam lá (apoiando). As opções (de resposta) são muitas. É um ponto para nós. Posso garantir que o futuro não vai ser como o passado.
No cargo há apenas seis semanas, o embaixador contou ter chegado a Brasília com vários planos, mas que suas ideias foram substituídas por três prioridades em razão da pandemia: a segurança dos cerca de 1,5 mil funcionários das representações dos Estados Unidos no país, o apoio aos 275 mil americanos que moram no Brasil e ajuda ao governo para conter o coronavírus.
Está claro para o governo americano que a pandemia é resultado de falta de controle por parte dos chineses na gestão do vírus. A pressão não será apenas sobre Pequim, mas também sobre a Organização Mundial da Saúde (OMS), que a Casa Branca considera ter sido lenta - senão conivente com a China - na resposta à pandemia.