Bernie Sanders, que abandonou a corrida pela nomeação democrata na disputa pela presidência dos Estados Unidos, é conhecido pelos arroubos, que fizeram crescer sua fama de radical de esquerda que conquistou muitos jovens eleitores americanos - mas não o suficiente para engrossar uma onda capaz de o levar à convenção com chances de derrotar Joe Biden. Nem internamente Sanders tinha aprovação dos caciques democratas. Sua saída, anunciada nesta quarta-feira (8), foi um ato sensato no momento em que a campanha está paralisada pela pandemia e todos os olhos estão voltados para a tentativa de conter o coronavírus.
A onda Sanders nunca se concretizou além de algumas poucas vitórias pontuais, como nas prévias de New Hampshire, da Califórnia e de Nevada. No resultado geral, Biden tinha até aqui 1.217 delegados contra 914 de Sanders (são necessários 1.991 para a escola). A diferença até não parece muito para o senador por Vermont, mas o fato é que a disputa praticamente inexiste atualmente - alguns Estados cancelaram as prévias e o próprio partido adiou a data da convenção. A pá de cal na pré-candidatura veio com a decisão dos dois principais comitês de ação política democratas, Piorities USA e American Bridge, que respaldaram Biden.
Diante da devastação do coronavírus, que a esta altura faz 363 mil infectados e provocou 10,8 mil mortes nos Estados Unidos, Donald Trump é onipresente na mídia americana. Mesmo com a desistência de Sanders, Biden, agora adversário de fato do republicano, terá enormes dificuldades para desbancá-lo da Casa Branca. Pesa a favor de Trump os bons índices da economia - pré-coronavírus -, a tradição americana de reeleger o presidente e a pandemia. A eleição de novembro será um grande referendo a julgar se Trump se saiu bem ou mal diante do maior desafio de um presidente dos EUA neste século desde a manhã de 11 de setembro de 2001.