Apesar dos pedidos por cautela por parte da Organização Mundial da Saúde (OMS), o continente africano, desarmado diante do coronavírus, tem apostado na cloroquina, medicamento bem conhecido por seus habitantes.
O tratamento e seus derivados, como a hidroxicloroquina, são utilizados há anos contra a malária na África. Sua eficácia está longe de comprovação e seu uso generalizado contra o coronavírus divide a comunidade científica.
Mesmo assim, esta tem sido a arma contra a covid-19, que ainda não chegou com força à África, mas já é registrada em alguns países - em especial, os mais populosos.
Não se sabe como o coronavírus irá se comportar em climas tropicais, como na maioria do continente africano. Mas situações perpetuadas de guerras civis, deslocamentos internos, grande número de refugiados em campos, aglomerados e com poucas condições sanitárias, preocupam organizações não governamentais.
- Em Burkina Faso, Camarões e África do Sul, os governos autorizaram hospitais a tratar os pacientes com cloroquina.
- No Senegal, quase metade das pessoas infectadas receberam a prescrição de hidroxicloroquina.
- Na África do Sul, uma das maiores empresas farmacêuticas prometeu doar 500 mil comprimidos às autoridades de saúde.
- Nas farmácias de Yaoundé (capital de Camarões) não é mais encontrado o medicamento. Estoques acabaram. Em várias grandes cidades africanas, como Abidjan (Costa do Marfim) ou Luanda (Angola), os moradores correram às farmácias atrás dos remédios. O mesmo fenômeno foi observado no Malauí, onde ainda não foi anunciado oficialmente nenhum caso.
- Em Libreville (Gabão) as filas diante das farmácias também são longas.
Cinco países africanos fazem parte da lista reduzida de países onde não foi registrado nenhum caso do novo coronavírus - Lesoto, Malauí, Sudão do Sul, Comores e São Tomé e Príncipe. Alguns atribuem este fato a Deus ou a seu isolamento aéreo, enquanto outros apontam que a ausência de registros pode se dever à falta de testes para detectar a doença.
A popularidade da cloroquina vem aumentando desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, escreveu o nome da droga com letras maiúsculas e afirmou que ela, tomada com a azitromicina, tem uma chance real de provocar uma das maiores mudanças da história da medicina.