A Superterça, realizada a cada quatro anos, é chamada assim devido a sua importância no calendário eleitoral americano. É o dia em que vários Estados realizam prévias para escolher o candidato que disputará a presidência dos Estados Unidos.
Como Donald Trump, do Partido Republicano, irá concorrer à reeleição, em 3 de novembro, a dúvida é sobre quem será o seu oponente do Partido Democrata.
A sigla realizará prévias em 14 Estados e em um território (Samoa Americana). Na lista, há Estados importantes, como Califórnia e Texas. Por contarem com grande população, essas regiões têm direito a mais delegados, que são aqueles que irão escolher o candidato na convenção do partido, em julho. Para se ter uma ideia da importância do dia, dos 3.979 delegados democratas, 1.357 estão em jogo neste dia 3. O ungido do partido para concorrer com Trump será aquele que conquistar no mínimo 1.991 delegados até a convenção.
1 – Quem está na frente?
Até agora, houve prévias em quatro Estados: Iowa, New Hampshire, Nevada e Carolina do Sul. Essas regiões deram aos candidatos, no total, 155 delegados. O senador por Vermont Bernie Sanders está na frente, com 48. Ele é seguido pelo ex-vice-presidente Joe Biden, com 50. Pete Buttigieg, que desistiu da corrida nesta segunda-feira (2), tem 26. Elizabeth Warren conta com oito delegados, e Amy Klobuchar, 7. Michael Bloomberg, por decisão própria, não participou das quatro prévias até agora. Apostou tudo na Superterça.
2 – Onde ocorrerão as prévias?
Os Estados em jogo durante a Superterça cobrem os quatro pontos cardeais dos Estados Unidos, do pequeno Maine, com pouco mais de 1 milhão de habitantes, até a gigante Califórnia, de tendência progressista e o mais populoso do país, com 40 milhões. O Texas, com 29 milhões de habitantes, é outro troféu. Virgínia, Carolina do Norte, Alabama e Colorado também votam em 3 de março, assim como Arkansas, Massachusetts, Minnesota, Oklahoma, Tennessee, Utah e Vermont, além de Samoa Americana e os democratas que residem fora do país.
3 – O que dizem as pesquisas?
Sanders lidera as pesquisas na Califórnia, que distribui 415 delegados, e também no Texas, com 228 delegados. Se obtiver um bom resultado nesses dois Estados, o senador terá uma vantagem considerável sobre os adversários.
Biden, ao vencer na Carolina do Sul no sábado (29), retomou fôlego. Ganhou em grande parte devido aos votos de negros e latinos, tradicionais eleitores democratas e que veem no ex-vice a continuidade do legado de Barack Obama. Ele pode se consolidar como o candidato de centro, na disputa com Warren, e em oposição ao chamado "socialismo democrático" de Sanders.
A Superterça testará o poder de três candidatos em suas terras natais: Sanders, em Vermont, Klobuchar, em Minnesota, e Warren, em Massachusetts.
4 – A estreia de Bloomberg
O bilionário e ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg gastou US$ 500 milhões, uma quantia recorde, em publicidade eleitoral, mas não participou de nenhuma das quatro instâncias de votação que já foram conduzidas. A Superterça será um teste decisivo para ele, que mostrará se sua estratégia tem influência sobre os eleitores. O candidato foi mal nos debates, concentrou os ataques dos rivais e perdeu fôlego nas pesquisas.
5 – Quando será a convenção democrata?
O nome do candidato que disputará a presidência pelo partido sairá da Convenção Nacional Democrática, que ocorrerá entre 13 e 16 de julho em Milwaukee, Wisconsin. Mas, até lá, ocorre uma espécie de peneira: alguns candidatos, ao perceberem que suas chances se esvaziam, acabam por desistir no meio do caminho.
Pete Buttigieg fez isso nesta segunda-feira (2). Buttigieg foi o primeiro candidato abertamente gay a disputar prévias presidenciais nos EUA e a vencer uma dessas votações, em Iowa. Em seguida, ele ficou em segundo lugar em New Hampshire, mas não conquistou nenhum delegado nas duas rodadas seguintes.
6 – E se nenhum candidato conseguir maioria até a convenção?
Para Sanders, quem chegar à convenção com a maioria, mesmo que não seja absoluta, deve ser nomeado o candidato. Os rivais, por outro lado, exigem o cumprimento das regras, que indicam que, se não houver candidato que obtenha a maioria absoluta na convenção, será realizada uma segunda votação, na qual os delegados estarão livres para apoiar um candidato diferente.
No entanto, essa segunda rodada também adiciona cerca de 700 "superdelegados". São membros notáveis do partido, como congressistas, integrantes da própria comissão e ex-presidentes. Uma vez que esses superdelegados geralmente representam o establishment, seu peso pode distorcer o voto e prejudicar as chances de Sanders. Os caciques do partido preferem um candidato de centro: devem optar por Biden ou Warren.
7 – Quem tem chance de bater Trump?
Segundo o site RealClearPolitics, que contabiliza as médias das pesquisas, Sanders teria 49,4% dos votos em um embate direto com Trump, que teria 44,5%. Em simulação com Biden, o democrata teria vantagem maior sobre o republicano: 49,8% contra 44,4%. Na disputa com Bloomberg, Trump também perderia: 48,3% contra 44,3%.
É importante destacar que, nos Estados Unidos, a eleição é indireta. Nem sempre quem vence no voto popular é o eleito no Colégio Eleitoral: em 2016, Hillary Clinton perdeu o pleito, mesmo tendo recebido quase 2,9 milhões de votos a mais do que Trump. No Colégio Eleitoral, o republicano ficou com 304 votos contra 227 da democrata, elegendo-se presidente.
A disputa pelos delegados
No mapa abaixo, o número de delegados por Estado. O vencedor deve conquistar pelo menos 1.991.