O "super" não é por acaso. A cada quatro anos, a terça-feira na qual um grande número de Estados realiza prévias simultâneas para decidir quem será o candidato à presidência dos Estados Unidos ganha esse prefixo. Da próxima Superterça sairá um terço de todos os delegados do Partido Democrata (1.357 dos 3.979) que irão definir, na convenção partidária, em julho, o nome definitivo que irá disputar com Donald Trump a Casa Branca na eleição de novembro. Ou seja, a jornada de votação nos 14 Estados (entre eles, pesos pesados como Califórnia, Texas, Carolina do Norte e Massachusetts) e no território de Samoa Americana tem o poder de catapultar, consolidar e sepultar candidaturas.
O senador Bernie Sanders, que tem se autodenominado "democrata socialista", chega ao dia 3 concentrando os ataques de todos os rivais no momento em que cada vez mais estrategistas passam a achar que ele poderia vencer Trump. Essa é a grande dúvida interna. Muitos caciques do partido afirmam que suas ambiciosas ideias políticas, como o "Medicare for All", que substituiria o seguro de saúde privado (nos EUA não há sistema universal), seriam uma catástrofe eleitoral, custando à legenda a Casa Branca e o controle do Congresso. O pré-candidato tem surpreendido e é favorito, após arrasar em Nevada e ter tido bom desempenho em Iowa e em New Hampshire. Em nível nacional, lidera as intenções de votos entre os democratas, com 29,5%, segundo a média de pesquisas publicada pelo site RealClearPolitics.
Antes favorito, o ex-vice-presidente Joe Biden quer tirar proveito da popularidade da administração Barack Obama entre negros e latinos para fazer alavancar sua candidatura, em especial na prévia da Carolina do Sul, que ocorre neste sábado (29). Mas, até agora, ele está com o freio de mão puxado. Ficou em quarto lugar em Iowa, em quinto em New Hampshire e em segundo em Nevada. Até o mês passado, liderava as pesquisas nacionais, mas caiu para a segunda posição, com 18%, atrás de Sanders.
O fato novo será Michael Bloomberg, que será testado pela primeira vez depois de ter ficado afastado da disputa por decisão própria. Criticado por querer supostamente comprar a indicação em razão da campanha milionária, o ex-prefeito de Nova York não entusiasmou durante os dois debates de que participou. Os demais candidatos — entre eles a senadora Elizabeth Warren — buscam continuar respirando. Não se surpreenda se, após terça-feira, alguns, como a senadora, desistirem. No topo, quem se sair bem no conjunto, avançará consideravelmente. Será a hora da verdade para Sanders, o tira-teima para o azarão Pete Buttigieg e o tudo ou nada para Bloomberg.