A previsão para esta quinta-feira (12) no Reino Unido é de frio, vento e chuva durante todo o dia. A noite deve cair sobre as ilhas de Sua Majestade por volta das 15h30min.
O que isso tem a ver com política? É que no dia mais importante da história britânica nas últimas décadas, até as condições meteorológicas podem definir o futuro do país. Com frio, chuva e vento, muitos eleitores ficarão tentados a não sair de casa para votar nas eleições parlamentares com cara de plebiscito sobre o Brexit, a retirada da nação do acordo da União Europeia (UE). Uma grande abstenção pode prejudicar todos os lados – mas pesará mais para o lado do primeiro-ministro Boris Johnson, que antecipou a votação na tentativa de ampliar a maioria na Câmara dos Deputados e fazer passar seu plano de divórcio do bloco econômico com menos entraves – a estratégia é semelhante à adotada pela antecessora, Theresa May, que, aliás, não deu certo.
Os britânicos estão cansados de votar. De 2015 para cá, foram três eleições legislativas no país que já adiou o Brexit também por três vezes. Se o Partido Conservador de Johnson conseguir uma ampla vitória, há boas chances de o rompimento com a UE ocorrer na próxima data-limite: 31 de janeiro. Mas, se oposição de centro-esquerda liderada pelo Partido Trabalhista, de Jeremy Corbyn, vencer, o jogo muda: o político que nunca morreu de amores pelo bloco quer um Brexit light. Ele promete que, em seis meses, conseguirá negociar um novo acordo de rompimento com Bruxelas, que mantenha laços muito estreitos entre as partes. Depois, planeja propor o acordo aos britânicos em um novo referendo junto com opção de simplesmente anular o Brexit. Aí, muda tudo.
O Brexit foi aprovado em votação em junho de 2016. Mas já naquela época a margem foi apertada: 52% contra 48%. Pesquisas têm mostrado que pouco mais da metade dos britânicos apoia que qualquer acordo final sobre a saída seja levado a um novo referendo. Também revelam que, perguntados de novo se querem a saída, muitos mudaram de ideia.
A vantagem de Johnson era cômoda para os conservadores até poucos dias atrás, mas o levantamento do instituto YouGov, mais recente e confiável, aponta redução na diferença para os trabalhistas: de 68 a 28 assentos em uma Câmara de 650 cadeiras. Embora isso represente 339 deputados, levando-se em consideração a margem de erro, os conservadores podem não conquistar a maioria. Por isso, é bom que Johnson esteja com um olho no eleitor e outro na meteorologia.