Nesse dia de tensão na Venezuela, é possível perceber alguns militares dissidentes usando bandanas azuis para cobrir o rosto ou amarradas ao braço.
Primeiro é uma forma de ocultar a identificação. Sob o império do medo de Nicolás Maduro, que ainda detém o poder sobre a cúpula militar, passar para o lado de Juan Guaidó pode significar uma sentença de morte.
Em segundo lugar, há o aspecto simbólico. O azul, nos exercícios militares, costumam identificar as forças próprias. O vermelho, o inimigo a ser combatido.
Inclusive militares que teriam permitido a saída de Leopoldo López da prisão domiciliar, em Caracas, nesta terça-feira (30), estariam usando as bandanas azuis.
A guerra de cores tem precedentes na Argentina, em que azuis e vermelhos se enfrentaram entre 1962 e 1963. Um dos choques, no qual morreram 24 pessoas e 87 ficaram feridas, teve início com a tentativa de um grupo do Partido Colorado buscou derrubar o presidente José María Guido. Em três dias, os azuis conseguiram impôr sua força, o que cedeu espaço a purgas no exército e na marinha.
No caso venezuelano é possível ver vários membros das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas e da Guarda Nacional cobrindo o rosto e sendo aplaudidos por apoiadores de Guaidó.
Na Venezuela, o azul também representa a oposição ao vermelho chavista-madurista, cor símbolo da Revolução Bolivariana desde que Hugo Chávez chegou ao poder. Nesta tarde, na praça Altamira, em Caracas, onde Guaidó discursou, o próprio líder da oposição usava a faixa azul no braço.